Encomenda pra Sheherazade
Nada como um dia atrás do outro. A polícia do Rio acaba de mandar para o xilindró um grupo de jovens de classe média. Homens de bens. Entre eles, o que dirá Silvio Santos?, estão os amiguinhos de Sheherazade, os tais justiceiros
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Rachel Sheherazade, quem não o sabe, é aquela mocinha que aparece sempre na bancada do jornal SBT Brasil como alguém que acabou de receber uma dose cavalar de injeção para cavalo: cara séria - como quem tá com prisão de ventre -, postura prepotente e discurso arrogante, raivoso e reacionário.
Rachel é nordestina. Por isso, tinha tudo pra ser desprezada por uma considerável parcela do eleitorado de Aécio Capriles (aquele que quer a recontagem dos votos).
Mas Sheherazade incorporou o discurso do opressor e foi assimilada, convertendo-se imediatamente como uma espécie de musa do coxismo.
O episódio mais marcante da bazófia que ela incorpora: sua posição diante do lamentável fato ocorrido no Rio de Janeiro em fevereiro deste ano, quando um grupo de jovens brancos espancaram, amarraram nu em um poste e cortaram um pedaço da orelha de um jovem morador de rua.
A musa viu aí uma elegante, civilizada e legítima forma de se fazer justiça com as próprias mãos e disse depois, em um artigo de autodefesa na Folha, que compreendia a "atitude desesperada dos justiceiros".
Rachel interpretou a barbárie ocorrida no Aterro do Flamengo "como jovens acuados pela violência que tomam para si o papel da polícia e o dever da Justiça".
E mais, da bancada do telejornal, em defesa da Zona Sul, Shehera vociferou contra os que se compadeceram com a violência e a covardia do grupelho: "tá com pena [do jovem negro] leva pra casa."
Coxíssima, ela se apressou em chamar o negro (vítima da tortura) de delinquente e defendeu os homens de bem, os jovens brancos de classe média, os tais justiceiros. Pois bem.
Nada como um dia atrás do outro.
A polícia do Rio acaba de mandar para o xilindró um grupo de jovens de classe média. Homens de bens.
Entre eles, o que dirá Silvio Santos?, estão os amiguinhos de Sheherazade, os tais justiceiros. O delegado afirma que os facínoras cometeram crimes como associação com o tráfico de drogas, estupro, tentativa de homicídio, roubo e furto de carros. A quadrilha andava armada e barbarizava o bairro.
A humilhação do jovem negro era só mais um dos crimes cometidos pela malta. Porém, ao saber que era preto o agredido e brancos seus agressores, a jornalista e seus seguidores chegaram à imediata conclusão de que o preto era o bandido.
Rachel deixou claro quem ela levaria pra casa. Taí a encomenda.
Palavra da salvação.
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