Empurra o Cunha que ele cai

Cunha, o poderoso chefão, cairá logo em desgraça. Até FHC, que sempre trabalhou contra Dilma e a favor do impeachment, e que sempre fez vista grossa em relação a Cunha, ontem, dois dias antes da votação do impeachment na Câmara, pediu sua cassação

Brasília- DF 03-03-2016 Deputado Eduardo Cunha durante sessão da câmara. Foto Lula Marques/Agência PT
Brasília- DF 03-03-2016 Deputado Eduardo Cunha durante sessão da câmara. Foto Lula Marques/Agência PT (Foto: Chico Vigilante)


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O mundo assiste estarrecido ao espetáculo do processo de impeachment da presidenta Dilma onde um conspirador hipócrita posa de estadista que vai salvar o Brasil, aliado ao que há de pior no mundo da corrupção, do conservadorismo dos costumes e do atraso social.

Comandado por Eduardo Cunha com o apoio da grande mídia nacional,  o golpe foi tramado sob os aplausos da elite brasileira e setores de uma classe média insatisfeita e manipulada.

O jornalista Glenn Greenwald, ganhador do prêmio Pulitzer por suas matérias sobre Edward Snowden, declarou recentemente que está “chocado” com o papel da mídia brasileira no golpe.

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A TV Al Jazeera, maior emissora do mundo árabe, acessada em 47 países, fez dura reportagem denunciando o golpe e o papel da mídia partidarizada em sua criação.

A imprensa internacional - a princípio fazendo eco da mídia brasileira – passou recentemente a perceber a gravidade da situação, qualificando o  processo de golpe dos corruptos.

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Meios de comunicação internacionais como os jornais britânicos The Guardian e The Independent, a revista alemã Der Spiegel, o jornal francês Le Monde, o espanhol El País, os jornais americanos Los Angeles Times e o New York Times, entre muitos outros, questionam fortemente em editoriais e matérias o processo do golpe no Brasil.

Agora todos parecem entender o que está acontecendo: este é um golpe liderado e conduzido por políticos desonestos; é uma farsa de líderes comprovadamente corruptos contra uma presidenta  honesta e que combate efetivamente a corrupção.

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Apontam o absurdo de um processo onde o maior corrupto do país marca datas, define regras e ritos do processo de impeachment enquanto ao mesmo tempo manipula e ameaça membros da Comissão de Ética da Câmara que colecionam razões para cassá-lo.

Até mesmo um ícone do imperialismo como a revista Forbes, reconhece a hipocrisia do golpe brasileiro. Em 29 de março, um artigo assinado pelo jornalista Kenneth Rapoza, afirma que, se o impeachment contra a presidenta honesta prosperar, seguramente as investigações sobre o escândalo da Petrobras vão parar ou esmorecer e a questão da corrupção vai sumir do noticiário. Em resumo, seria “caso encerrado”.

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Em entrevista recente ao jornal espanhol El País, Luis Almagro, Diretor-Geral da OEA, afirma que o que acontece no Brasil é “o mundo ao contrário”.

Segundo ele, “a realização de um processo de impeachment da  presidente Dilma Rousseff que não responde por nenhum ato ilegal é algo verdadeiramente preocupante sobretudo porque entre os que podem acionar o processo de impeachment existem congressistas acusados e culpados. É o mundo ao contrário".

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A cada dia novas investigações e delações mostram que políticos, cerca de 300, a maioria deles a favor do impeachment, aí incluindo Temer e Cunha, fazem parte de quadrilhas que há anos tem relações mais que promíscuas com estatais, construtoras e empreiteiras ou são investigados por outros crimes de qualquer natureza. 

Quem sabe ler nas entrelinhas e não tem o rabo preso no processo diz claramente que um dos objetivos do golpe em gestação é abafar a Lava Jato e livrar Cunha e sua turma da cadeia.

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Cunha age como um poderoso chefão com uma centena de parlamentares a seus pés, a estrutura da presidência da Câmara dos Deputados nas mãos e uma vida pregressa de falcatruas até então impunes.

Por ocasião da divulgação da  primeira  denúncia contra ele, a existência de contas na suíça  no valor de R$2,4 milhões, cujo governo enviou ao Brasil todos os dados a respeito, Cunha mandou um recado para Dilma em conversa com aliados, que com toda certeza chegaria ao destino: meu poder é maior que o dela, vocês verão.

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Esta semana mais uma demonstração deste “poder” vem a tona. Segundo o empreiteiro Ricardo Pernambuco, da Carioca Engenharia, Eduardo Cunha cobrou uma propina de R$ 52 milhões em 36 parcelas pela construção do Porto Maravilha, no Rio de Janeiro.

O delator entregou aos investigadores uma planilha revelando 22 depósitos que somam mais de US$ 4,6 milhões, cujos valores teriam sido repassados entre agosto de 2011 e setembro de 2014. 

Tudo indica que o “poder” de Cunha, visto como estratégico por Temer para consolidar o golpe que o levaria à presidência, não será suficiente para aprovar o impeachment na votação deste domingo, 17 de abril, e nem para salvá-lo da cadeia.

Cunha, o poderoso chefão, cairá logo em desgraça. Até FHC, que sempre trabalhou contra Dilma e a favor do impeachment, e que sempre fez vista grossa em relação a Cunha, ontem, dois dias antes da votação do impeachment na Câmara, pediu sua cassação. 

A aventura golpista não passará. O nome da presidenta Dilma não consta de nenhuma lista de propina. Nunca cometeu nenhum delito. Sempre incentivou as investigações contra a corrupção. Se os brasileiros quiserem respeitar a Constituição devem ir para as ruas dizer não ao golpe.

É importante lembrar que o golpe não é tramado pelos corruptos  apenas para se livrarem de seus atos ilícitos. O que está em jogo no Brasil neste momento é que as elites são contra as conquistas sociais e os direitos dos brasileiros conquistados nos últimos 13 anos. Acabar com eles é o principal intuito dos golpistas.

 

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