Exército reforça coesão do Alto Comando contra a eleição

Para Jeferson Miola, ao negar suposta insatisfação do Alto Comando, o Exército sinaliza que vai avançar na ruptura institucional

Bolsonaro com militares, fachada do TSE e urna eletrônica
Bolsonaro com militares, fachada do TSE e urna eletrônica (Foto: Fernando Frazão/ABr | Roque de Sá/Agência Senado | Edilson Rodrigues/Agência Senado)


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Jeferson Miola                              

Em nota à imprensa [21/7], o Exército caracteriza como fake news a matéria na qual o jornalista Valdo Cruz, do grupo Globo, cita suposta insatisfação de militares do Alto Comando do Exército com o ministro da Defesa, general Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira.

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Na matéria, Valdo anota que generais do Alto Comando supostamente “entraram em contato com ministros do STF para informar que não endossam as tentativas [do general Paulo Sérgio] de desacreditar as urnas eletrônicas”.

Na nota, o Exército “expressa o repúdio da Força ao contido na matéria, que parece buscar apenas a discórdia e a cisão entre os militares da ativa e [o] ministro da Defesa”. Afirma, também, que “disseminar desinformação somente contribui para instabilidade entre as instituições e, consequentemente, entre os brasileiros” [sic]. E conclui “que a coesão entre os militares é uma característica inalienável da Força Terrestre”.

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Em artigo sobre a matéria de Valdo Cruz [21/7, aqui], destaquei que “a imprensa funciona como uma lavoura fecunda, na qual os militares plantam versões diversionistas para distrair a sociedade, promovem operações psicológicas e criam a falsa e irreal ideia de antagonismo entre ‘militares bons e legalistas’ versus ‘militares maus e golpistas’”.

Assim como o experiente colunista do grupo Globo, outros profissionais de imprensa também são usados como veículos dos militares para reproduzirem as plantadas jornalísticas de interesse deles.

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A matéria de Valdo Cruz [20/7] menciona três aspectos: [1] a suposta insatisfação de generais do Alto Comando do Exército com o ministro da Defesa, [2] o suposto contato desses generais “insatisfeitos” com ministros do STF, e [3] a suposta divergência de generais com os ataques do governo militar às urnas eletrônicas.

É revelador que a nota do Exército tenha repudiado, no entanto, apenas e tão somente dois aspectos – o 1 e o 2 –, mas sintomaticamente tenha se omitido em relação aos ataques à eleição e às urnas eletrônicas, aspecto também mencionado na matéria de Valdo Cruz.

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Esta nota do Exército deixa absolutamente claro, portanto, a unidade e a coesão do Alto Comando nos atentados contra a eleição e o Estado de Direito.

Os generais estão “inalienavelmente” coesos no plano golpista para avançar o projeto de poder militar – realidade que coincide com a avaliação de estudiosos sobre militares, que não observam a existência de divisões políticas [“a discórdia ou a cisão”] no interior do Alto Comando.

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A nota do Exército de repúdio a uma parte do conteúdo da matéria do jornalista Valdo Cruz emite a claríssima mensagem de que o Alto Comando está coeso e unido no propósito de tumultuar a eleição, causar caos social e avançar a ruptura institucional.

As Forças Armadas brasileiras estão dominadas por cúpulas altamente partidarizadas, reacionárias, fascistizadas e ultraliberais que não têm compromisso com a legalidade, com o profissionalismo e com a democracia.

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Se tivessem um mínimo de legalismo e profissionalismo; e se não quisessem ser considerados coautores dos atentados criminosos do governo militar à democracia e ao Estado de Direito, os generais teriam renunciado do Alto Comando do Exército, que é o comitê central da conspiração e do golpe.

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