Em nome das mães

Mães deixam filhos com menos de 60 dias nas creches por conta das reformas trabalhistas e descaso com a população de Temer e Bolsonaro

Governo Bolsonaro quer reduzir prazo do salário-maternidade
Governo Bolsonaro quer reduzir prazo do salário-maternidade (Foto: REUTERS/Ueslei Marcelino)


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Mães deixam filhos com menos de 60 dias nas creches por conta das reformas trabalhistas e descaso com a população de Temer e Bolsonaro. 

Quando falo da importância das mulheres ocuparem os espaços de poder nos parlamentos, não estou dizendo que não existam homens comprometidos com as pautas sociais. Estou falando das questões que nós, mulheres, percebemos melhor, por sentirmos no cotidiano o que significa a falta de políticas públicas.

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Pois um dia depois da data em que se celebra as mães, das propagandas de presentes e das demonstrações de afeto, levantamento publicado na imprensa mostra essa questão de uma forma ainda mais revoltante. 

Não existe outra expressão para falar da tristeza que é para uma mãe ter que deixar seus filhos numa creche, durante a chamada “gestação externa”, ou seja, antes de completar dois meses, período em o bebê ainda está fazendo a transição para o mundo fora do corpo da mãe, porque precisa trabalhar.

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O que dizer, então, de uma mãe que precisou deixar seu bebê com apenas 19 dias na creche, depois de ter trabalhado até os oito meses de gestação?

Não somos contra colocar filhos em creche, nem defendemos que a mãe seja a única responsável por se abnegar pelos cuidados da criança.

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Mas a crise faz com que essas mulheres tenham que procurar a creche pública com muito mais antecedência do que o fariam, se elas tivessem segurança alimentar, trabalho, emprego e renda.

Onde foi parar a licença-maternidade de 120 dias, importante para a criação de vínculos que ajudam no desenvolvimento cognitivo e socioemocional do bebê?

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Como fica a amamentação, que deveria ser a única alimentação até os seis meses de idade, fundamental para o fortalecimento do sistema imunológico do bebê?

Qual o futuro que espera por essas crianças?

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Essas respostas, junto com a saudade e a culpa, recaem nos ombros das mulheres, das mães. 

Em São Paulo, dados mostram que quase dobrou, em um ano, o número de bebês de até dois meses que precisam ficar em creches para que suas mães voltem ao trabalho precarizado.

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Se a pandemia piorou em muito a situação da população brasileira, em função do descaso do governo e de sua política da morte, a responsabilidade não pode ser atribuída exclusivamente ao vírus.

A reforma trabalhista, também conhecida como deforma trabalhista por seus efeitos nefastos e previsíveis, jogou essas mães no mercado informal de trabalho, sem direitos trabalhistas,tirando delas e de seus filhos o direito à licença-maternidade.

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Nós, mães, gostamos de ser lembradas, de receber mimos, flores e presentes. Mas gostamos ainda mais, na verdade precisamos, poder exercer nosso papel como mães.

Precisamos dar um basta em tantos retrocessos, tantas maldades e ataques às mulheres, às mães, às trabalhadoras.

Para que todas as mães possam celebrar, não um dia, mas todos os dias, confiantes no futuro, sem medo de serem felizes!

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