Em editorial na primeira “Folha” avisa que governo Dilma está por um fio
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Nenhum grande jornal brasileiro coloca editorial na primeira página, para não roubar espaço da manchete principal. Quando isso acontece – como hoje, na "Folha de S.Paulo" – é porque alguma coisa muito diferente e urgente aconteceu, acontece ou está para acontecer.
O jornal deu todas as dicas de que o editorial é a sua principal matéria do dia. Estampou-o no lugar mais nobre possível: nas duas primeiras colunas à esquerda, transformadas em uma só, de alto a baixo da página, em corpo maior que o dos outros textos da primeira, com espaço maior entre as linhas, é quase uma intimação: leia-me! Leia-me ou te devoro. Leia-me ou você não sabe o que está perdendo.
Logo no primeiro parágrafo o editorial inusitado apresenta seu diagnóstico: "a administração Dilma está por um fio". Ele se ocupa, nas 63 linhas em que se desenrola em elencar as medidas de emergência que o governo e também o Congresso deveriam priorizar desde ontem, a fim de evitar a debacle política, mas tanto o próprio editorial, quanto o leitor mais atento sabem que não há condições políticas nem tempo para adotá-las.
"A contenção de despesas deve se concentrar em benefícios perdulários da Previdência" aconselha a "Folha". Mas é fácil prever que deputados e senadores não vão mexer nesse vespeiro. Quando publica um editorial desse peso na primeira página, o jornal não está falando apenas por ele, e nem apenas para seus declarados 344.022 leitores (impressos e digitais). Está falando em nome do mundo paulista das finanças e da indústria.
Não por acaso, a manchete ao lado do editorial – que se chama "Última chance", mas poderia se chamar "Último round" - informa que a "Indústria prevê um tombo maior ainda neste ano" e logo abaixo chamada de uma coluna avisa: "Câmara inicia avaliação dos pedidos de impeachment".
A tese do impeachment, até então defendida por aventureiros e meros golpistas, ganhou outra dimensão com a entrada em cena de Hélio Bicudo, uma figura absolutamente republicana, inatacável, sem nenhum interesse político e um currículo jurídico incomparável.
Foi o Procurador do Estado que conseguiu provar a corrupção no governo Adhemar de Barros (que fugiu da Justiça num avião para um país da América Latina) e durante os anos da ditadura notabilizou-se por desmascarar e prender os policiais-facínoras do Esquadrão da Morte e por ser um dos fundadores do PT, apesar de seu perfil conservador.
Embora de estatura física reduzida, sua alta estatura jurídica e moral o coloca no mesmo patamar de Barbosa Lima Sobrinho, o autor do pedido de impeachment de Fernando Collor, e aufere um tom de respeitabilidade ao tema. Aos 93 anos, mas ainda com intenso brilho nos olhos, e absoluta lucidez, ele não tem mais nada nem a perder nem a ganhar. Dilma e Lula, sim.
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