Em defesa do neoliberalismo, Folha ataca mídia progressista e humaniza o genocida

"Em plena campanha eleitoral, esta reportagem procura atingir Lula. Patrícia Campos Mello passa um pano pro genocida", escreve Carla Teixeira

Jornal Folha de S.Paulo e Jair Bolsonaro
Jornal Folha de S.Paulo e Jair Bolsonaro (Foto: Webysther/CC | Alan Santos/PR)


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Por Carla Teixeira 

A reportagem de Patrícia Campos Mello “sites de esquerda miram Bolsonaro com propaganda e desinformação” apresenta o atual presidente Jair Bolsonaro como vítima de uma suposta campanha de desinformação produzida pela imprensa progressista. Ao tratar sobre os vídeos da TV 247 que foram censurados pelo YouTube após uma decisão unilateral da empresa, destaca o documentário “Bolsonaro e Adélio - uma fakeada no coração do Brasil” que chegou a ter milhões de visualizações antes de ser arbitrariamente retirado do ar.

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De acordo com o Youtube, o conteúdo “viola as regras da empresa contra discurso de ódio”, como aquele que “negue, banalize ou minimize históricos violentos, o que inclui o esfaqueamento de Bolsonaro”. A jornalista se detém, especialmente, à palavra “fakeada”, dando a entender que o documentário questiona o evento ocorrido em Juiz de Fora.

Oportunamente, não menciona que fakeada, no documentário, se refere exatamente à narrativa divulgada pela grande imprensa (incluindo a Folha de S. Paulo). Adélio foi apresentado como um militante ligado ao PSOL (partido de Marielle Franco, brutalmente assassinada pelo vizinho do atual presidente) que teria esfaqueado o então candidato durante as eleições de 2018. A cena perfeita que humanizou o verme: Bolsonaro foi alvo de um atentado organizado pela esquerda. Isso lhe conferiu inédita vantagem nas pesquisas e certamente contribuiu para sua vitória nas eleições daquele ano.

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A reportagem de Patrícia também não cita o fato, apresentado pelo documentário censurado, que comprova as posições políticas e as movimentações de Adélio no período anterior ao episódio de Juiz de Fora. Trata-se de uma pessoa conservadora e de direita que havia estado no mesmo lugar que Carlos Bolsonaro no Clube de Tiro .38, em Santa Catarina. Não menciona que Adélio, até os dias atuais, segue recluso no presídio em Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, sem que qualquer integrante de sua família tenha direito de visitá-lo.

A grande imprensa jamais fez uma reportagem investigativa sobre o evento de Juiz de Fora, limitando-se a reproduzir o conteúdo divulgado pelas autoridades competentes (esse mesmo tipo de “jornalismo” a Folha praticou durante a Ditadura Militar, nos anos 1970).

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Ao comparar a imprensa progressista – que possui linha editorial e propriedade empresarial declarada – com sites bolsonaristas ocultos que difundem Fake News,a reportagem de Patrícia Campos Mello desqualifica o jornalismo profissional. Também descredibiliza as denúncias feitas por esses órgãos, diariamente, a respeito dos crimes praticados pelo atual presidente da República no exercício do poder. Em outras palavras: Patrícia passa um pano pro genocida.

Em plena campanha eleitoral - logo após divulgar o escandaloso caso dos 51 imóveis comprados com dinheiro em espécie pela família presidencial -, esta reportagem procura atingir Lula. Constrói uma falsa simetria entre as práticas de ódio bolsonarista com as denúncias feitas por sites e figuras que declararam apoio ao ex-presidente. Com o evidente interesse da Folha na manutenção da agenda neoliberal, a reportagem de Patrícia serve para humanizar Bolsonaro e tentar garantir algum suporte ideológico à raquítica terceira via representada por Simone Tebet (PMDB).

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Vale lembrar que a democracia é apenas um valor de ocasião para a grande imprensa, especialmente para a Folha de S. Paulo que em geral esteve ao lado dos exploradores nos golpes ocorridos durante a República: desde os anos 1920 até a deposição de Dilma, em 2016, e a prisão de Lula, em 2018. Atualmente, o jornal exalta em editoriais e reportagens especiais os supostos benefícios das privatizações num país com 33 milhões de famintos e 116 milhões em situação de insegurança alimentar.

Distante de qualquer autocrítica e tendo Ombudsman para enfeite editorial, é evidente que a oposição da Folha a Bolsonaro é de forma, não de conteúdo: ambos defendem a agenda neoliberal praticada por Paulo Guedes e não se importam com os danos que isso causa ao Brasil ou aos brasileiros.

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Patrícia Campos Mello revelou ao Brasil o esquema de disparo em massa de mensagens bolsonaristas e Fake News, em 2018, e logo se tornou alvo da fúria de Jair Bolsonaro. Em 2022 presta um serviço ao seu algoz e um desserviço ao direito à informação. Para proteger o mito da imparcialidade sustentado pelos folhetins decrépitos como o que trabalha, ataca a imprensa que tem posição, compromisso com a democracia e com a verdade histórica. Lamentavelmente entra para o rol de jornalistas oportunistas que não se detêm aos fatos, mas às conveniências; aqueles cujo ofício não faz jornais, mas peças de propaganda de ditaduras.  

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