Em crise de hegemonia, militares ameaçam a democracia

(Foto: Pedro França/Agência Senado/Fotos Públicas)


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O governo Bolsonaro é um projeto gestado, parido e nutrido pelos comandantes das forças armadas. A presença de Oficiais nos cargos do governo mostra o apoio escancarado das fileiras castrenses ao projeto de morte bolsonarista que queimou nossas florestas, entregou nossas riquezas e já vitimou milhões entre mortos, miseráveis e sequelados pela peste. Os Oficiais corruptos do governo lucraram com a tragédia da pandemia, a CPI do Genocídio tem revelado isso, como no caso do escândalo das vacinas.

Para dissimular, cria-se um clima de tensão. A imprensa divulga informações e deixa transparecer uma ideia de “divisão” nas fileiras militares, narrativa orientada pelos próprios Oficiais “vazadores”. No episódio dos tanques em Brasília, o presidente da República aparece como o “tresloucado” que utiliza as forças armadas para tentar dar um golpe, passando uma ideia de subordinação militar inexistente. Bolsonaro é marmita de milico, fantoche dos generais e comandantes, estes sim, os verdadeiros responsáveis pela atual destruição do país.

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Em crise de hegemonia por conta do desgaste provocado pela tragédia da pandemia e o avanço do “centrão” nos cargos de mando, os militares encenam o delírio belicoso do apavorado do Alvorada. Para contornar o desgaste junto à opinião pública, manterem seus benefícios econômicos e políticos – salários, pensões, orçamentos e cargos de poder – as forças armadas tensionam permanentemente a democracia brasileira, criando situações e temeridades golpistas para, em seguida, apresentarem-se como mediadoras e portadoras da solução para os problemas que elas mesmas criaram. Não se espante se algum general, na sequência do passeio dos blindados em Brasília, sair defendendo a democracia e as instituições. Assim encenam os milicos.

As esquerdas precisam utilizar este propício momento político em que a correlação de forças favorece o campo popular, devido às massivas manifestações, para dar conhecimento às camadas mais amplas da sociedade a respeito do parasitismo das forças armadas, principalmente do Exército, sobre o Estado e, consequentemente, sobre a sociedade brasileira. É apontar o dedo e evidenciar que o rei está nu: as forças armadas não servem ao seu propósito de proteger nosso território contra os inimigos externos. Então, para que elas servem? A quem elas servem?

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Seus atuais comandantes, ingressantes nas escolas militares durante os tenebrosos anos 1970 - a década mais violenta da Ditadura Militar -, foram (de)formados para ver a população e as esquerdas como inimigas. Por não terem inteligência, imaginação e autonomia de produção bélica - as armas utilizadas chegam de outros países já obsoletas – os militares praticam um automático alinhamento geopolítico e militar com os interesses dos Estados Unidos.

Devido a deformação congênita, apontada pelo professor Manoel Domingos, de se comportarem como polícia contra o “inimigo interno” (leia-se: a população civil), as forças armadas são traidoras do povo; por aliarem-se aos piores interesses estrangeiros e permitirem o saque das riquezas do Estado brasileiro, também traem a pátria. Aos seus comandantes, caberia lembrar a lei militar, em vigor no Brasil, que prevê para os crimes de traição, genocídio e contra a humanidade - em situação de guerra (como a que vivemos contra o coronavírus, por exemplo) -, a condenação máxima com a pena de morte. Executada por fuzilamento.

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