Em 2020, por pouco, o PT não rompeu com Waguinho, responsável por uma das maiores manifestações de apoio a Lula nesta campanha

A aliança, conta Ricardo Bruno, "foi objeto de rounds do embate entre os que acreditam em uma ampla política de alianças e os assépticos e puristas"

Wagner dos Santos Carneiro, o Waguinho, e Lula
Wagner dos Santos Carneiro, o Waguinho, e Lula (Foto: Alerj | Ricardo Stuckert)


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(Publicado originalmente no Agenda do Poder)

O apoio retumbante do prefeito Waguinho ao ex-presidente Lula, em ato histórico nas ruas de Belford Roxo –  celebrado unanimemente nas hostes petistas – vem de longe. Foi uma construção complicada, sujeita a rachas internos e celeumas ideológicos. Na verdade, começou a ser pactuado em 2020, quando o PT-RJ decidiu apoiar a candidatura à reeleição do prefeito, numa inciativa estratégica articulada pelo deputado André Ceciliano em parceria com o vice-presidente nacional da sigla Washington Quaquá.

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À época, o movimento foi objeto de contestações em rounds do embate histórico entre os que acreditam nos resultados de uma ampla política de alianças e os assépticos e puristas, enquistados em dogmas de uma esquerda voltada exclusivamente a pautas marxistas clássicas.

Provocada por descontentes com a ampliação do arco de alianças para além dos grupos de esquerda, a Comissão Executiva Nacional examinou o tema e por uma margem estreita referendou a aliança. Numa reunião tensa, Ceciliano e Quaquá fizeram a sustentação oral  da importância do apoio, garantindo 29 votos a favor,  25 contrários e  11 abstenções. A tentativa de isolamaento,  mais adequada à autoconstrução ideológica em guetos identitários, foi derrotada mas os dogmáticos não se abateram.

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Distantes da realidade política fluminense – com singularidades complexas e nuances não perceptíveis na visão rasa de exclusão de contrários própria  da dicotomia ideológica – seis ex-presidentes do partido assinaram manifesto pedindo a invalidação do apoio. Argumentavam que Waguinho não era confiável por ter recebido Jair Bolsonaro no município em inaugurações de obras com recursos do Governo Federal, como se o prefeito de qualquer cidade brasileira não tivesse a obrigação de trabalhar em parceria com todos os entes federativos. Uma visão estreita, em direção ao isolamento, inadequado a um partido com pretensões majoritárias nacionais como o PT.

Não satisfeitos com a derrota, fizeram abaixo-assinado pedindo a revisão do apoio. No Rio, o documento foi liderado pelo ex-senador Lindbergh Farias, que, por sinal, na última terça-feira se mostrava exultante com o ato organizado pelo prefeito em Belford Roxo. Em 2020, ele repetia: “Waguinho é um notório bolsonarista. Esse acordo não passará”, em conflito aberto com Ceciliano e Quaquá.

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À época, Washinton Quaquá rebatera desnudando a contradição dos adversários: “A política brasileira é absolutamente contraditória. A base da sociedade é pura contradição. Waguinho é um aliado tradicional do PT. Eu não diria que ele é bolsonarista. Ele é prefeito, é malandro. Se o Psol estivesse na presidência ele seria aliado do (Guilherme) Boulos. Essa turma (do PT) que é contra (a aliança) adora teorizar a Baixada tomando chope em Ipanema”, disse.

Passados dois anos, a realidade se impôs: Lula teve em Belford Roxo uma das mais calorosas e concorridas manifestações desta campanha eleitoral. Após o evento, a presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, e o assessor especial do candidato petista, Gilberto Carvalho, agradeceram ao prefeito. Reconheceram a importância do apoio e, assim, por linhas transversas, atestaram o equívoco que, alguns poucos, tentaram impor ao partido em 2020.

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