Elites econômicas já assimilaram a vitória de Lula e isso fará ex-presidente crescer ainda mais entre os homens

"O que a elite está dizendo agora é que não dá pra votar em Bolsonaro – e isso vai se espalhar entre a classe média", escreve Leonardo Attuch, editor do 247

(Foto: Ricardo Stuckert)


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A percepção de que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva não é mais rejeitado pela classe dominante brasileira, especialmente depois do manifesto pela democracia, ao qual aderiram entidades como Fiesp e Febraban, será decisiva nas eleições presidenciais de 2022 e pode ajudar a sacramentar a cada vez mais provável vitória em primeiro turno do candidato petista.

Explico: há, entre os homens brasileiros, um comportamento padrão, que consiste em reproduzir valores e posicionamentos da classe dominante, como se a mera reprodução pudesse também transformá-los em integrantes desta mesma "elite". O desejo quase universal do homem brasileiro é ser próspero – ou, pelo menos, parecer próspero. Por isso mesmo, a partir do momento em que o patronato brasileiro mais uma vez dá sinal verde ao candidato do povo, a mensagem é imediatamente compreendida pelas camadas médias da população.

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Na mais recente pesquisa Datafolha, em que Lula tem 47% dos votos contra 42% de todos os adversários, o que representa quase 53% dos votos válidos e, portanto, vitória em primeiro turno, o dado mais marcante foi o crescimento do ex-presidente entre os homens. Lula avançou quatro pontos e foi de 44% a 48%. O maior crescimento se deu justamente na faixa de renda entre cinco e dez salários mínimos, ou seja, na classe média. Neste segmento, os homens que já queriam votar em Lula mas não podiam admitir estão compreendendo que não serão mais vistos como pobres se optarem pelo ex-presidente.

Não por acaso, o baque foi sentido imediatamente pela campanha bolsonarista, que se sentiu "traída" pelos empresários que assinaram os manifestos pela democracia. Afinal, este é claramente um governo dos ricos para os muito ricos – e contra as populações mais pobres e vulneráveis. 

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Lula, que já governou o Brasil durante oito anos, não deveria assustar as elites. Sob seu comando, o País conheceu o maior ciclo de prosperidade e inclusão social dentro da democracia. Os pobres avançaram mais, mas os ricos e a classe média também prosperaram. Não por acaso, ele deixou o governo com 87% de aprovação popular. 

Mas a nova assimilação de Lula pelas elites é decisiva neste momento porque pode minar o voto silencioso em Jair Bolsonaro, daqueles que não são propriamente extremistas de direita, mas diziam que "não dá pra votar no PT" apenas para reproduzir o comportamento dos patrões ou daqueles que a sociedade enxerga como bem-sucedidos. O que as elites estão dizendo agora com os manifestos pela democracia é que "não dá para votar em Bolsonaro". E isso vale até para quem não necessariamente tem simpatia pelo PT.

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