Elite suicida é mais uma jabuticaba brasileira
Chama atenção como grande parte dos nossos capitalistas - industriais, comerciantes, grandes produtores rurais e donos de empresas prestadoras de serviços, além dos banqueiros - não consegue enxergar além de um palmo à frente do nariz
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Que a burguesia nativa não tem um miserável projeto que seja de país é do conhecimento de todos e todas que possuem mais de dois neurônios.
Que o golpe do impeachment sem crime contra a presidenta Dilma revelou de forma cabal que a democracia é um valor supremo apenas para a classe trabalhadora, pois os privilegiados não hesitam em estuprá-la sempre que julgam conveniente, também é fato inquestionável..
Que o DNA escravocrata dos ricos expresso no ódio devotado aos negros e pobres, e na reprodução cotidiana da odiosa segregação entre casa grande e senzala, constitui-se em grave patologia social a impedir que o Brasil se firme como nação é outra evidência cristalina.
Contudo, chama atenção como grande parte dos nossos capitalistas - industriais, comerciantes, grandes produtores rurais e donos de empresas prestadoras de serviços, além dos banqueiros-, não conseguem enxergar além de um palmo à frente do nariz.
Agindo como asnos, se deixam conduzir sem o menor senso crítico pela cantilena do oligopólio da mídia. Na condição de capitalistas, acabam cometendo verdadeiros suicídios, coisas que só a burrice e o preconceito mais xucro contra a esquerda podem explicar. Dentre muitos exemplos de tiro no pé protagonizados por eles, cito três:
- Os empresários em peso apoiaram a reforma trabalhista de Temer, convencidos de que aumentariam sua margem de lucro com a economia gerada ao deixar de pagar direitos trabalhistas, depois que 120 artigos da CLT foram pulverizados. Olharam para a árvore, mas esqueceram da floresta. Ao contrário do mundo cor de rosa prometido, a consequência foi o aumento vertiginoso do desemprego, da precarização do trabalho e do famigerado “bico”. Hoje já são 28 milhões de brasileiros nessa condição. Resultado: queda na renda e no consumo dos trabalhadores e, consequentemente, retração nos negócios dos empregadores.
- O agronegócio esteve na linha de frente da campanha do sujeito que ostenta a faixa presidencial de forma indigna, mesmo sendo públicas e notórias as seguidas demonstrações de despreparo, estupidez e grosseria exibidas por Bolsonaro ao longo da vida. Os empresários do campo tinham, portanto, a obrigação de saber que um presidente com essas características seria sinônimo de ameaça ao comércio dos produtos brasileiros no exterior. Mas o que era ameaça hoje já é realidade, decorridos apenas oito meses de governo. Sua boçalidade e falta de educação no trato com lideranças de outros países aliadas a uma política ambiental que queima e destrói florestas já trazem sérios prejuízos aos exportadores do Brasil.
-Dez entre dez empresários aplaudem a reforma da previdência já aprovada pela Câmara dos Deputados e que ora tramita no Senado. Como podem desconhecer que os benefícios recebidos pelos aposentados da previdência social sustentam um sem número de municípios do país, fazendo o comércio vender e empregar e acionando a roda da economia? Ignoram que a redução de aposentadorias e pensões, bem como o empobrecimento generalizado da legião de inaposentáveis, provocarão encolhimento da economia e impacto negativo direto em seus empreendimentos?
Moral da história: capitalista suicida, que defende projetos contrários aos seus próprios interesses, não é jabuticaba, mas só existe no Brasil.
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