Elifas Andreato, o senhor das capas
Há um ano, a arte perdia Elifas Andreato
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Rio - Elifas Andreato foi para as capas dos discos o mesmo que foi Benício para os cartazes de filmes.
Elifas Vicente Andreato nasceu no Paraná, na cidade de Rolândia, em 22 de janeiro de 1946. Ao longo de mais de 50 anos de carreira, Elifas ficou conhecido principalmente pelas 362 capas de discos que produziu, principalmente nos anos 70, de artistas como Chico Buarque de Holanda, Elis Regina, Adoniran Barbosa, Paulinho da Viola, Martinho da Vila, Toquinho e Vinícius de Moraes.
Na infância, viveu com a família em cortiços e fazia pequenas esculturas com material que encontrava no lixo. Na adolescência, foi operário em uma fábrica de fósforo em São Paulo.
Ainda muito jovem, no Paraná, começou a fazer caricaturas e a pintar murais. Foi estagiário em agências de publicidade e trabalhou na ‘Editora Abril’, onde ganhou destaque por ter feito, em 1970, a coleção de fascículos ‘História da Música Popular Brasileira’.
Compositor bissexto, desenvolveu parceria com o cantor Jessé.
O traço poético com profundo sentido social definiu os trabalhos de Elifas como um ícone de uma geração que protestava, por meio da arte, contra a ditadura militar vigente. Por ter sido perseguido durante a ditadura militar brasileira (1964–1985), recebeu o ‘Prêmio Especial Vladimir Herzog’.
Da geração do vinil, Elifas foi o maior capista. O artista começou sua produção de capas em 1973, quando criou a do long-play ‘Nervos de Aço’, de Paulinho da Viola. Nos anos 70 também ilustrou obras de literatura brasileira, como ‘A Legião Estrangeira’, de Clarice Lispector.
Além dos trabalhos genuinamente engajados, Elifas produziu peças de grande qualidade artística, com projeção internacional e reconhecimento no mundo inteiro.
Produziu também cartazes, gravuras e ilustrações, e foi diretor editorial do ‘Almanaque Brasil de Cultura Popular’, revista distribuída a bordo das aeronaves da companhia aérea TAM, para assinantes e nas bancas de jornais.
Entre seus trabalhos mais conhecidos estão ‘Ópera do Malandro’, de Chico Buarque; ‘A Rosa do Povo’, de Martinho da Vila;’ Arca de Noé’, clássico que embalou gerações de crianças brasileiras e ‘Nervos de Aço’, de Paulinho da Viola.
Elifas Andreato, um dos maiores artistas gráficos do país, escreveu os livros ‘Almanaque Brasil de Cultura Popular’, ‘Um Pássaro em Pânico’, ‘Brasil: Almanaque de Cultura Popular: Todo Dia é Dia’.
O design gráfico e ilustrador brasileiro morreu nesta terça-feira (29/03/22), aos 76 anos, em São Paulo. Andreato era pai de Laura Huzak Andreato, irmão do ator Elias Andreato e foi casado com a fotógrafa Iolanda Huzak Furini.
O artista - que residia na capital paulista - deixa obra indelével na discografia brasileira com retratos realistas e humanistas.
Artistas e personalidades fizeram homenagens a Andreato nas redes sociais.
A cartunista Laerte escreveu no Twitter: “Ah, tristeza maior! - o Elifas Andreato morreu. Beijo, Elifas! Ô coisa.”
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