Eleitor migrou de Lula para Bolsonaro sem escalas
"O pensamento de direita avançou como nunca, de forma alarmante, sobretudo depois de 2005, quando o Instituto Millenium começou a disseminar fake news acerca das maldades da esquerda e das bondades da direita de forma massiva entre a juventude", escreve o colunista Alex Solnik; "O eleitor votava e vota em alguém que mostra ter condições (reais ou mentirosas) de liderar a nação. Nem que seja em direção ao abismo", afirma; "Agora, se Deus o livre, Bolsonaro ganhar, aí sim vai doutrinar os brasileiros na cartilha do nazismo"
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A enorme intenção de votos em Bolsonaro pode dar a falsa impressão de que a extrema-direita cresceu de forma extraordinária no Brasil. Eu concordo em parte. O pensamento de direita avançou como nunca, de forma alarmante, sobretudo depois de 2005, quando o Instituto Millenium começou a disseminar fake news acerca das maldades da esquerda e das bondades da direita de forma massiva entre a juventude. Blogs de direita brotaram feito cogumelos. É impossível dissociar o avanço da direita do crescimento das redes sociais como o Facebook e plataformas como o Google e o Youtube. A esquerda demorou a entrar no jogo.
Há que se considerar, porém, com um olho nos números, que a maioria do eleitorado ainda não se guia pelo espectro ideológico. Não sei o tamanho dessa maioria, mas que é maioria é: um terço dos eleitores não tem sequer ensino fundamental completo.
Ou seja, quase 50 milhões de eleitores não sabem (ou sabem remotamente) o que é esquerda ou direita ou extrema-direita, excluídas minorias militantes de partidos e organizações sociais.
Cabe aos sociólogos, antropólogos e psicanalistas esclarecer por que praticamente um terço dos 147 milhões de eleitores – a maioria dos quais pobres - pretende votar num candidato de extrema-direita cujas propostas vão diminuir seus direitos, seus salários, sua segurança e sua liberdade e aumentar a violência contra eles. Em resumo, empobrecê-los e reprimi-los mais.
Desconfio, baseado só na minha intuição de repórter, que o eleitor esteja querendo votar nele não pelo que ele é por dentro – um nazista - e sim por fora - um cara que mostra ter certeza do que fala. Durão. Pulso firme. Digo a maioria. Claro que há muitos eleitores dele que são nazistas mesmo.
Quando havia na disputa alguém muito mais incisivo do que ele e que saiu do governo aprovado por mais de 80% dos brasileiros, só que no campo oposto, falo de Lula, o brasileiro preferia Lula disparado. Lula estava com 37% contra 18% de Bolsonaro na última pesquisa antes de ser cassado, a 31 de agosto.
Depois que o TSE cassou Lula, Bolsonaro foi de 18% para 28%. Ciro não subiu, Marina desceu. Eles não receberam um voto sequer de Lula. Haddad sobe aos poucos, sem tirar votos de Bolsonaro e tem agora o que Bolsonaro tinha a 31 de agosto. Ou seja, um grande contingente que votava em Lula aderiu a Bolsonaro e ficou.
Não votava em Lula por ser de esquerda nem vota em Bolsonaro por ser de extrema-direita. Não votava em Lula por ser apenas do PT nem em Bolsonaro por ser do PSL. O eleitor ainda desta vez vota em nomes, não em partidos.
O eleitor votava e vota em alguém que mostra ter condições (reais ou mentirosas) de liderar a nação. Nem que seja em direção ao abismo. E não vai dar tempo de essa grande massa de pobres perceber que ao votar em Bolsonaro compromete seu presente e seu futuro. E adere a teses nazistas que desconhece.
Agora, se Deus o livre, Bolsonaro ganhar, aí sim vai doutrinar os brasileiros na cartilha do nazismo.
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