Educação e mídia alternativa: dois gigantes que precisam caminhar lado a lado
Precisamos de uma imprensa livre e parceira das grandes causas sociais, como é a educação, conforme temos observado na mídia alternativa
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Talvez muitos leitores e leitoras deste texto não saibam, mas, neste exato momento, o campo educacional brasileiro vive uma série de embates institucionais nas diferentes esferas, federal estaduais e municipais e envolvendo os três poderes constituídos, executivo, legislativo e judiciário. Mas, além de toda a luta pela revogação do novo Ensino Médio, da exclusão do FUNDEB do arcabouço fiscal, do pagamento do piso nacional do magistério, da recuperação das perdas educacionais provocadas pela pandemia de Covid-19, da destinação do dinheiro público para a educação pública, da investigação e punição para os responsáveis pelo superfaturamento dos kits de robótica ou a destinação de recursos em troca de barras de ouro, o que mais tem chamado a minha atenção nos últimos anos é o quase total silenciamento destes numerosos eventos estarem sendo praticamente ignorados pela chamada grande mídia, imprensa tradicional mídia hegemônica, que é constituída pelos grandes canais de televisão aberta e paga, rádios, jornais e revistas impressos e seus portais na internet.
Nas poucas palavras destinadas ao campo educacional, estas concessões públicas do Estado brasileiro, que recebem vultuosas quantias para veicular propagandas, além de benefícios fiscais diversos, demostram um incrível desconhecimento do funcionamento dos sistemas educacionais, cometem erros factuais e distorcem acontecimentos. Nestes casos, parece não vigorar nas redações, o que me parece ser um dos principais princípios da imprensa, a checagem dos fatos.
Mas mesmo quando as questões que envolvem o campo educacional são abordadas na grande imprensa, somos surpreendidos por comentários vindos de supostos “especialistas” que não tem qualquer relação com o campo educacional, o que aliás, considero bastante sintomático do processo de questionamento da imprensa brasileira. Ao invés de ouvirem professores, professoras, estudantes, diretores e diretoras, reitores e reitoras, coordenadores, coordenadoras e demais envolvidos com a comunidade escolar e universitária, somos brindados com as opiniões de advogados, administradores, engenheiros, economistas e até mesmo militares, que, muitas vezes, nunca estiveram em uma sala de aula na condição de docentes.
São estes “especialistas” que pautam a grande imprensa e que são convidados para falar quando o assunto é a educação. Muitos dos quais são representantes – muito bem remunerados – das fundações e grupos empresariais que viram na educação mais um grande negócio. São pessoas que não tem ideia do que é trabalhar três turnos em um único dia, se deslocar de uma escola para outra, entrar em uma sala de aula com 60 estudantes para ministrar um tempo por semana, ver estudantes que não rendem o que deveriam por estar com fome. E fazer isso, sem receber o piso nacional do magistério, isso é, o valor mínimo estabelecido para que um professor ou uma professora receba mensalmente. Sob este aspecto, penso que para alguns jornalistas deve ser mais prazeroso ouvir “especialistas” que podem teorizar sobre um e não sobre as questões reais.
Temos visto nestes primeiros meses do novo governo federal que os embates no campo da educação não serão fáceis. Apesar de termos eleito um presidente progressista, temos um congresso conservador e dominado por interesses diversos empresariais, que acabam encontrando eco nos diversos ministérios, como é o caso da Educação. E é exatamente neste ponto que chamo a atenção dos leitores e das leitoras deste artigo para o fundamental papel que a mídia alternativa tem desempenhado para o setor educacional. É importante destacar que os diversos sites e canais da imprensa alternativa tem chamado a atenção para os temas educacionais, entrevistando e dando espaço para a comunidade escolar e universitária de fato e não os representantes dos grupos empresariais que tem interesse em transformar a educação em um grande balcão de negócios para a venda de apostilas, cursos e consultorias, dentre outros.
É por isso que precisamos de uma imprensa livre e parceira das grandes causas sociais, como é a educação, conforme temos observado na mídia alternativa. É por isso que expresso o meu mais profundo agradecimento aos profissionais da mídia alternativa que trabalham para se contrapor ao discurso e aos interesses hegemônicos da grande mídia e que tem sido nossos parceiros, ouvindo a verdadeira comunidade escolar e universitária. E é por isso que peço para vocês, leitores e leitoras que apoiem a verdadeira mídia alternativa.
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