Eduardo Leite é o candidato à direita da direita tucana

“Leite é, do ponto de vista político e de costumes, e não só na área econômica, mais do que um conservador de 36 anos. É um reacionário com uma plumagem bacana”, diz o jornalista Moisés Mendes. “Está privatizando luz, gás e água sem consultar ninguém”, lembra

Eduardo Leite
Eduardo Leite (Foto: Reprodução)


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Por Moisés Mendes, do Jornalistas pela Democracia

O duelo entre João Doria e Eduardo Leite envolve, é claro, questões e prováveis desdobramentos de interesse das esquerdas. Esta é a questão mais importante: Leite está posicionado, desde antes da campanha às prévias do dia 21, à direita de Doria.

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O candidato a candidato que se apresenta como a nova cara do centro, é o que, num paradoxo tucano, carrega nas costas o que há de mais velho na política, e não só no gasoso PSDB.

Leite é jovem, tem imposição física, tem voz de apresentador de baile de debutantes e faz, dizem os liberais, uma gestão da melhor qualidade no Rio Grande do Sul.

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Mas Leite é, do ponto de vista político e de costumes, e não só na área econômica, mais do que um conservador de 36 anos. É um reacionário com uma plumagem bacana.

Foi por ordem dele que a Assembleia gaúcha derrubou o direito da população de dizer em plebiscito se quer ou não privatizar empresas. Leite está privatizando luz, gás e água sem consultar ninguém.

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Muito antes de Ricardo Salles, abriu a porteira para que a boiada fizesse o que bem entende na área ambiental no Estado.

São os donos dos bois que determinam, por autolicenciamento, que estão liberados para ocupar áreas e fazer obras antes sob controle de licenças prévias de servidores públicos.

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Leite tem cinco secretários ligados ao bolsonarismo. Foi dos primeiros governadores a se submeter às ordens de Bolsonaro e espalhar cloroquina pelos postos de saúde.

E demorou dois anos e meio para admitir que errou ao apoiar e votar em Bolsonaro em 2018. Mas que isso não significa arrependimento.

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Em julho, Leite saiu do armário. Mas nunca produziu, como figura pública, nada de relevante em nome da diversidade e das liberdades. Tem a imagem de sobrinho fofo, mas a cabeça é de tiozão reaça.

Se vencer as prévias, pode fazer com que o partido perca a militância e/ou rache o lastro de Doria em São Paulo.

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Mas pode também, a partir do Sul, alargar alcances que Doria não vem conseguindo no resto do país, apesar do marketing da CoronaVac.

A conta interna hoje é esta: os dois têm em torno de 4% nas pesquisas. Mas Doria está no maior e mais poderoso reduto eleitoral, tem a vacina e é inimigo declarado de Bolsonaro (depois de ser amigão) há muito tempo.

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Leite, um quase desconhecido, que tentou ganhar protagonismo ao se assumir como gay, tem o mesmo índice do paulista. O raciocínio mais elementar conduz para a conclusão de que é Leite quem pode crescer, enquanto Doria está estacionado em sua insignificância, com metade das intenções de voto de Sergio Moro.

Agora, os detalhes que devem interessar às esquerdas. Todo candidato antiLula precisa pensar no que pode roubar da base de Bolsonaro para tirá-lo do segundo turno. Atacando sempre Bolsonaro? Nem sempre.

Leite tem a mais fiel base de apoio a Bolsonaro na Câmara. Os deputados gaúchos tucanos são bolsonaristas juramentados ou dissimulados.

Por isso, Doria o acusou com ironia, no debate desta quinta-feira no Estadão, de ser um antiBolsonaro incapaz de orientar sua bancada contra os interesses de Bolsonaro.

Leite aposta na conquista de parte da base bolsonarista para agregar ao seu lastro com o eleitor de centro e tentar chegar ao segundo turno.

Explica-se assim por que o gaúcho também critica Bolsonaro, mas nunca a ponto de ficar mal com o bolsonarismo menos fiel à extrema direita.

O que Eduardo Leite precisa provar para a classe média que usou Bolsonaro como laranja em 2018, com o seu apoio, é que tem força para enfrentar Lula.

Para o PT, considerando-se que Leite é quem tem um potencial a ser ainda testado, a maior preocupação deve ser a sua vitória nas prévias. 

Tem figurino completo para se apresentar como o novo para o eleitor antiPT e antiLula e já é confiável para o empresariado, pelo que fez no governo como neoliberal.

A terceira via mais perigosa pode ser Eduardo Leite de braços dados com Aécio, e não o saco de pancadas Sergio Moro, mesmo que muitos digam que Leite pode também no fim ser apenas um Afif Domingos versão século 21.

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