Economia desaba e mídia confessa: erramos
Não dava mais para esconder. Nem os “midiotas” iriam acreditar. Nos últimos dias do trágico 2016, o ano do “golpe dos corruptos”, a mídia chapa-branca finalmente confessou que a economia está desabando

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“Em editoriais, colunas e reportagens afirmamos aos nossos ingênuos leitores e telespectadores que a economia estava em frangalhos por culpa exclusiva de Dilma Rousseff. Até omitimos a gravidade da crise capitalista internacional. Garantimos que bastaria depor a presidenta, eleita democraticamente pela maioria dos brasileiros, para a economia voltar a crescer. Muitos acreditaram nestas informações e foram as ruas gritar ‘Fora Dilma’. Com sua queda – e após novas rodadas de negociação das verbas publicitárias –, espalhamos que Michel Temer retomava a “confiança do mercado”, com a volta dos investimentos, dos empregos e da renda. Erramos! Ou – para ser mais honesto – Mentimos”!
Nem o Natal salva o comércio
Como resultado desta desgraceira, o setor de shopping centers fechou o ano com saldo negativo de 18.100 lojas, queda de 12,9% em relação a 2015. É a primeira vez desde 2004 que a Alshop registra um saldo negativo na abertura de lojas. Parte delas encerrou as atividades e outra parte migrou para o comércio de rua. O efeito mais perverso foi o aumento do desemprego no setor. Os logistas cortaram 36.659 vagas de trabalho neste ano. A tendência para 2017 é ainda pior. Os shoppings estão operando em média com 50% da capacidade de ocupação.
A queda de confiança na indústria
A queda nas vendas tem impacto direto na indústria. Menos gente consumindo significa menos gente produzindo. Tanto que o setor industrial já reduziu suas expectativas de crescimento para o próximo ano. Segundo matéria publicada no Jornal do Brasil nesta segunda-feira (26), "o Índice de Confiança da Indústria recuou 2,2 pontos em dezembro, atingindo 84,8 pontos, o menor patamar desde junho deste ano, quando foi registrado 83,4 pontos. O resultado foi divulgado pela Fundação Getúlio Vargas. A queda da confiança ocorreu em 12 de 19 segmentos industriais pesquisados".
"A piora na percepção sobre o nível de demanda foi o que mais influenciou o mau resultado este mês. Com piores avaliações sobre a demanda interna, esse indicador caiu 3,5 pontos, marcando 81,8 pontos. O percentual de empresas que consideram o nível atual de demanda forte diminuiu de 9% para 6% entre novembro e dezembro. E as que consideram o nível fraco aumentou de 35,5% para 36,1%". Ainda de acordo com a matéria, o índice de ociosidade nas indústrias bateu novo record. "O Nível de Utilização da Capacidade Instalada atingiu 72,5% em dezembro, novo patamar mínimo histórico para a série iniciada em 2001".
Menos venda, menos produção, menos empregos
A consequência inevitável da desintegração da economia é o aumento vertiginoso do desemprego. Até os banqueiros, que apoiaram o "golpe dos corruptos", já admitem que o cenário será ainda mais sombrio no próximo ano. Segundo projeção do Santander, a taxa de desemprego atual, de 11,8%, deve superar 13% em 2017. "Economistas do banco previam uma taxa média de 11,6% para o ano que vem, mas revisaram o número para 12,7% depois da divulgação dos resultados fracos do PIB no terceiro trimestre", informa a Folha. O Bradesco também elevou sua expectativa de desemprego de 12,5% para 12,9%. Ou seja: o Judas Michel Temer decepcionou até seus apoiadores.
"Os dados mostram que o otimismo acerca da atividade econômica no país e, por conseguinte, com as contratações ao longo dos próximos meses parou de aumentar", diz o economista da FGV Fernando de Holanda Barbosa Filho. Com o aumento do desemprego, a massa salarial também diminui - o que resulta, num círculo vicioso, na diminuição do consumo e em novas demissões. "A retomada deve ser bastante lenta. Não vemos uma melhora da massa salarial antes do segundo semestre", diz Rodolfo Margato, economista do Santander.
Crise detona as contas do governo
Outro efeito da crise é a queda de arrecadação do Estado. Menos vendas, menos produção, menos empregos e menos impostos. A consequência é que as contas do governo tiveram o pior resultado para novembro desde 1997. Não há austeridade fiscal que resolva este impasse. Segundo informações do Tesouro Nacional, divulgadas nesta terça-feira (27), as contas do governo federal tiveram um deficit de R$ 38,4 bilhões em novembro, o pior resultado para o mês desde o início da série histórica, em 1997. No mesmo mês do ano passado, o saldo negativo foi de R$ 21,2 bilhões.
Estes e outros dados confirmam o desastre do Judas Michel Temer e do czar da economia, Henrique Meirelles. Eles também atestam a vergonhosa manipulação da mídia, que prometeu o paraíso com o impeachment de Dilma e agora confessa que o Brasil ruma celeremente para o inferno. Poucas foram as posições dissonantes na chamada grande imprensa. Neste sentido, vale destacar a opinião de Bernardo Mello Franco, uma das raras vozes críticas da Folha golpista. Confira abaixo seu artigo:
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As previsões e os fatos
Bernardo Mello Franco - 27/12/2016
Todas as manchetes acima foram recolhidas no noticiário on-line desta segunda (26). Elas ilustram o desânimo da economia brasileira na reta final do ano, em que os fatos insistem em contrariar as previsões oficiais.
No início de 2016, era comum ouvir que o impeachment resultaria na retomada imediata do crescimento. Em março, o empresário Flávio Rocha, da Riachuelo, dizia que a volta dos investimentos seria "instantânea". Em setembro, o ministro Eliseu Padilha se gabava: "A esperança está se convertendo em confiança".
Os dois parecem ter confundido desejo com realidade. Os investimentos sofreram um tombo de 3,1% no terceiro trimestre, segundo o IBGE, e a confiança da indústria acaba de registrar o menor índice em seis meses, de acordo com a FGV.
As previsões róseas se baseavam na crença de que bastava trocar de presidente para tirar a economia do atoleiro. Com lama pelas canelas, os mais otimistas deveriam dar uma olhada no exemplo da Argentina.
Quando Michel Temer nomeou sua equipe econômica, os entusiastas da "fada da confiança" festejaram semelhanças com o time ultraliberal de Mauricio Macri. Nesta segunda, o presidente argentino demitiu o ministro da Fazenda. Se é possível fazer alguma previsão para o início de 2017, é de que a pressão sobre Henrique Meirelles vai aumentar.
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