E se os governos do PT...
E se o segundo mandato da presidente Dilma não optasse pela adoção de propostas, teses e programas dos derrotados nas eleições de 2014, frustrando as expectativas dos que lhe deram a vitória apertada, mas legítima?
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É comum ouvir entre os amantes do futebol a expressão "o se não entra em campo", para rebater lamentações como : "se o atacante não tivesse perdido aquele gol feito...", "se o juiz tivesse marcado o pênalti escandaloso que só ele não viu..." ou "se não fosse a falha do goleiro..."
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Mas neste grave momento que vive o Brasil, no qual a democracia está por um triz, é impossível não pensar no que poderia ter sido diferente caso os governos do PT ouvissem as críticas dos seus apoiadores de primeira hora, tais como movimentos sociais, centrais sindicais, blogueiros, ativistas digitais e militantes dos partidos da esquerda democrática.
Como no futebol, na política não adianta chorar o leite derramado, mas até para tentar recolher lições de toda essa avalanche, valem as divagações :
- E se o governo tivesse enfrentado o debate com a sociedade sobre a democratizações dos meios de comunicação, inclusive enviando um projeto de lei para o Congresso Nacional ?
- E se o governo apostasse numa política de comunicação diária, rápida e contundente o suficiente para não deixar ataque sem resposta, nominando os adversários e utilizando todos os meios de que dispõe ?
- E se o governo não tivesse empanturrado de dinheiro a mídia tradicional corrupta e golpista ?
- E se o governo não tivesse caído na esparrela de considerar que a Operação Lava Jato agia dentro dos limites republicanos ?
- E se o governo não fosse leniente e permissivo em relação à transformação da Polícia Federal em polícia política, voltada para destruir o próprio governo ?
- E se o governo não adotasse um republicanismo ingênuo e burro na indicação do procurador-geral da República, abdicando da prerrogativa constitucional do Poder Executivo de escolher o chefe do Ministério Público, para agradar a corporação através da bobagem da lista tríplice ?
- E se o governo não abusasse do direito de errar nas nomeações de ministros do STF, levando para a Corte Suprema do país advogados e procuradores mequetrefes, de ralos conhecimentos jurídicos, mas prontos para apunhalá-lo na primeira esquina ?
- E se o segundo mandato da presidente Dilma não optasse pela adoção de propostas, teses e programas dos derrotados nas eleições de 2014, frustrando as expectativas dos que lhe deram a vitória apertada, mas legítima?
- E se o governo e o PT não adotassem a tática do silêncio e da omissão diante das barbaridades jurídicas da Ação Penal 470, o mensalão, verdadeira ante-sala do golpe, na medida em que abriu caminho para a perseguição política e criou jusrisprudência para condenações sem provas através de excrecências como a teoria do domínio do fato ?
- E se o governo e o PT fossem solidários com os seus quadros injustiçados e encarcerados por um juizinho de quinta categoria nas masmorras de Curitiba, tais como José Dirceu e Vaccari?
- E se o governo não tivesse renunciado à disputa ideológica por corações e mentes do povo brasileiro, a partir da premissa equivocada de que a melhoria das condições de vida dos menos favorecidos bastaria para conquistar sua adesão ao projeto democrático-popular em curso no país ?
- E se muitos petistas, uma vez guindados a cargos relevantes no governo federal, não se deixassem inebriar pelas benesses do poder, sendo tragados pela burocracia e se portando como se seu posto na administração pública fosse fruto de concurso público, e não uma indicação política ?
- E se o governo e o PT não tivessem deixado de considerar estratégico o investimento político na mobilização social e popular ?
- E se o governo cumprisse a promessa de não tomar decisões que afetassem a classe trabalhadora e os movimentos sociais sem antes ouvir e dialogar com suas representações ?
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