E se o buraco for mais embaixo?

E se o capitão for mesmo o espelho do ethos de parcela expressiva dos brasileiros? Segundo o dicionário, “ethos é uma palavra de origem grega que significa caráter moral. É usada para descrever o conjunto de hábitos ou crenças que definem uma comunidade ou uma nação. No âmbito da sociologia e antropologia, são os costumes e traços comportamentais que distinguem um povo.”



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E se aquelas barbaridades de inspiração fascista que ouvíamos lá atrás de um amigo em mesa de bar ou de um tio, primo  ou cunhado nos encontros familiares já fossem uma expressão séria dos cantos mais escuros da alma do brasileiro médio?

E se o racismo, o ódio devotado aos pobres, o machismo, a homofobia, a intolerância e a falta de empatia e solidariedade com sofrimento alheio estivessem apenas à espera de uma alternativa política de carne e osso capaz de transformá-los em políticas de governo?

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E se o voto nos candidatos a presidente do PT, que deu a vitória ao partido em quatro eleições presidenciais consecutivas, não foi também impulsionado pela falta de uma opção clara e viável de poder no campo do obscurantismo e das trevas?

E se a desumana, egoísta e perversa postura de boa parte do povo brasileiro em relação à morte de mais de 100 mil compatriotas não esteja a esfregar na nossa cara que Bolsonaro é um fenômeno psicossocial bem mais complexo do que parece a olho nu e que os valores do bolsonarismo estão fortemente presentes da sociedade?

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E se o capitão for mesmo o espelho do ethos de parcela expressiva dos brasileiros? Segundo o dicionário, “ethos é uma palavra de origem grega  que significa caráter moral. É usada para descrever o conjunto de hábitos ou crenças que definem uma comunidade ou uma nação. No âmbito da sociologia e antropologia, são os costumes e traços comportamentais que distinguem um povo.”

E se apenas a constatação do histórico de opressão sofrida pelo povo, que inclui mais de 300 anos de escravidão, com a negação sistemática por parte da classe dominante do acesso à educação e à informação de qualidade, não esgotar a discussão sobre as causas da nossa baixa consciência política e cidadã? Afinal, em relação à pandemia, não se pode creditar à falta de informação a maldade de tanta gente, pois os meios de comunicação bombardeiam a todos, dia e noite, com notícias sobre a gravidade da maior tragédia de saúde em 100 anos.

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E se as análises sobre a atual conjuntura feitas por quadros de esquerda de todos os matizes estiverem contaminadas pelo vício da superpaternalização do povo brasileiro e pela miopia de só enxergar erros (que não são poucos, mas existem ações meritórias e elogiáveis) na sua própria atuação?

E se esses ombudsmans da esquerda, aqueles que só veem fragilidades, equívocos e debilidades em tudo que se faz do nosso lado, priorizassem também a crítica, a meu ver essencial e urgente, sobre a ausência de políticas consistentes de informação, formação e de cultura voltadas para disputa a ideológica por corações e mentes?

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