É Natal, apesar de tudo...

"Não nos tomaram a memória, a capacidade de indignação e de resistência. Não nos tomaram a certeza de que saberemos nos manter na superfície – recordando conquistas, nos mantendo indignados e resistindo", escreve o jornalista Eric Nepomuceno

(Foto: REUTERS/Pilar Olivares)


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Por Eric Nepomuceno, para o Jornalistas pela Democracia 

Se este é o tenebroso ano da peste, o Natal de 2020 é no mínimo estranho. Eu, pelo menos, nunca vivi um 24 de dezembro igual, recolhido no meio do verde, com uma chuva melancólica que me desperta a memória de muitos dezembros iluminados.

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Olhando ao redor, e esquecendo a data, sobram razões para se preocupar, e muito. Sinceramente, não vejo espaço algum para otimismo. Não se trata de um olhar pessimista, mas realista.

Mais do que nunca, vivemos num país sem norte nem rumo.  

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Confesso, de saída, minha mais profunda inveja dos amigos mexicanos, chilenos e argentinos. No México e no Chile já começaram a vacinar, a Argentina começa a qualquer momento.  

Há nos três (e em muitos outros países da nossa América) plena coordenação entre os governos nacionais e estaduais e municipais, enquanto aqui não a temos nem seringas, nem agulhas, nem nada.

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As pencas de militares ardorosamente espalhados no ministério da Saúde, na Anvisa e onde quer que se olhe, mostram claramente que não têm a mais mínima ideia de como agir. A única coisa que sabem fazer é obedecer cegamente a tudo que o Aprendiz de Genocida determina.

Isso, para não falar em todo o resto.

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Mas ainda assim, e apesar de tudo, é Natal. E mesmo para quem, como eu, é ateu e agnóstico, trata-se de uma data de confraternização, ainda que à distância. E aproveito para duas coisas.

A primeira, mandar meu abraço afetuoso não só aos meus eventuais leitores, mas aos companheiros de jornada.

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E a segunda: lembrar, uma vez mais, que sou de uma geração que colecionou perdas. De quem tomaram tudo ou quase.  

Só não nos tomaram a memória, a capacidade de indignação e de resistência. Não nos tomaram a certeza de que saberemos nos manter na superfície – recordando conquistas, nos mantendo indignados e resistindo.

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E é assim que sabemos, como disse Francisco num momento de especial pontaria, que apesar do Ogro, apesar de tudo, amanhã há de ser outro dia. De mais luz e menos breu.

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