É muita precipitação declarar, hoje, que "não vai ter Copa"
Temos de esperar o início oficial da campanha eleitoral e, em último caso, confiar na "Família Felipão". Mas isso não tem nada a ver com o governo Dilma
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Acho que o articulista da Folha Vinicius Torres Freire não deveria ser tão incisivo quando publicou, na edição de domingo, um texto sob a manchetinha "Não vai ter Copa".
Como não vai ter Copa? Se está tudo marcado, dia e hora das partidas, não só a de abertura como de todas as que serão realizadas na primeira fase da competição.
O articulista da Folha, a quem não conheço pessoalmente, mas que aprendi a respeitar por vários de seus argumentos sempre bem fundamentados, dessa vez parece que perdeu o rumo.
Eu não acredito que ele tenha aderido à tal mídia golpista que os petistas vivem denunciando por aí.
Como já explicou tim-tim por tim-tim, num alongado texto publicado no Estadão, o jornalista Enio Bucci, não existe esse tipo de mídia no Brasil.
A mídia pode ter sido golpista, ou ter em determinado momento articulado um golpe contra o governo, na Venezuela. No Brasil, estaríamos muito longe disso.
E olhem que o Bucci tem retrospecto no assunto. Tanto que, no primeiro governo Lula, ocupou a presidência da Radiobrás.
Vinicius Torres Freire avisa, na Folha, que está marcado um protesto anti-Copa para o próximo dia 25. Seria, ele escreve, um ensaio dos protestos dos mesmos grupos que desencadearam as manifestações de 2013.
Mas ele mesmo admite que "a tentativa de repeteco" pode não colar.
Eu aqui tomo a liberdade de sugerir um outro verbo. "Rolar" ao invés de "colar". É mais moderninho. Claro, isso não muda a essência da coisa.
O Vinicius é um especialista em economia. Talvez por isso traz o assunto para a sua área.
Fala na tendência de que tudo, em 2014, estará crescendo mais devagar: renda, emprego, consumo, e só a inflação é que vai mais rápido. Conclui que o caldo socioeconômico pode estar mais azedo pouco antes da Copa. E o protesto das ruas pode azedar ainda mais o caldo.
O próprio presidente da FIFA já deu sua contribuição nesse sentido.
Disse que o Brasil teve sete anos para se preparar e que não vai conseguir evitar manifestações. "Haverá protestos durante a Copa", alertou ontem Joseph Blatter.
Eu, pessoalmente, recomendaria ao Vinicius, ou ao Gabriel Priolli, que declarou aqui no 247 que "os golpistas farão de tudo para melar a Copa" - ele na certa lera o texto do Vinicius na Folha, e ao próprio Blatter, que tivessem um pouco mais de paciência.
Primeiro esperem até o dia 25 para ver o que acontecerá - se é que irá acontecer alguma coisa.
Depois, que esperem o início da campanha eleitoral regulamentar, e não essa pré-campanha iniciada, e eu faço questão de repetir, pelo ex-presidente Lula.
Finalmente, se tudo de pior estiver acontecendo - eu não desejo que aconteça, repito - que um eventual fracasso da "família Felipão" na Copa, seja atribuído ao governo Dilma.
Assim como um eventual 3 a 0 no jogo de estreia contra a Croácia seja atribuído ao lulo-petismo.
Afinal, uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa.
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