É insustentável a situação de Dallagnol
O jornalista Ricardo Bruno escreve que, por trás di discurso contra a corrupção da Lava Jato, "queria-se ascender ao comando do país, sem se submeter ao escrutínio popular"; para isso, Dallagnol e Moro investiram contra o STF, como as revelações do Intercept comprovam; é urgente afastar Dallagnol
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As revelações do site Intercept não desnudaram apenas o caráter parcial do julgamento do ex-presidente Lula, o que, em si, já as fariam bem-vindas, dadas as manipulações e abusos verificados no curso do processo legal. Mais do que devolver a verdade, as conversas entre os principais atores da operação Lava Jato, agora de conhecimento geral, revelam uma assombrosa trama contra às instituições nacionais.
Sob Deltan Dallagnol, tentou-se criar em Curitiba um verdadeiro estado paralelo, livre de qualquer regulação institucional a pretexto do combate à corrupção.
Estava em andamento um elaborado projeto de usurpação de poderes, que contemplava estratégias para constranger autoridades constituídas, acuá-las, confrontá-las e assim dar seguimento a uma espécie de cruzada moral pelos bons costumes. As ações e métodos eram cuidadosamente planejados, visando granjear simpatias e apoios na sociedade, num viés exclusivamente político.
Tentou-se dar vida a uma máquina que açodadamente destruía reputações em nome de uma suposta redenção moral do país, e sob os aplausos de uma sociedade exaurida pelos desmandos e malfeitos da classe política. Havia, portanto, um terreno fértil a esta pregação evangelizadora à doutrina lavajatista, segundo as profecias da dupla Moro/Dallagnol.
Mais do que investigar e julgar, estava em curso um projeto de poder. Abortado pelo Supremo, tentou-se criar um fundo com cerca de R$ 2,5 bilhões oriundos de indenização paga pela Petrobrás à Justiça americana. Os recursos seriam dirigidos a uma espécie de “departamento de marketing” da organização, com a produção de filmes, realização de palestras e uso de redes sociais visando garantir apoio da sociedade. A pretensão não era exatamente produzir justiça, na acepção convencional do termo. Na verdade, queria-se ascender ao comando do país, sem se submeter ao escrutínio popular. Os objetivos, portanto, não se restringiam ao natural âmbito de competência de juízes e procuradores de primeira instância. Eram ousados, audaciosos, voluntariosos, mas igualmente ilegais e inconstitucionais.
É espantosa a forma utilizada para atingir os propósitos redentores do grupo: intimidações a ministros do STJ; investigações ilegais sobre a vida de seus familiares; vazamentos seletivos para imprensa, notas capciosas em sites amestrados, críticas em redes sociais a sentenças de ministros eram práticas corriqueiras nesta engrenagem que visava triturar as instituições e, sem pejo, açambarcar o poder.
Diante das revelações, torna-se, portanto, imperioso o afastamento de Dallagnol da coordenação da Força Tarefa, como cogita o ministro Dias Toffoli - uma das vítimas do grupo em inadmissíveis ataques à sorrelfa. O objetivo era desgastá-lo, constrangê-lo e assim deixá-lo imobilizado diante dos abusos praticados nas investigações.
A despeito da grita do Ministério Público, não há como se discordar da decisão do ministro Alexandre de Moraes de suspender as investigações da Receita Federal contra contribuintes, entre os quais ministros e seus familiares. Para além de se pretender aclarar suspeições, há em curso inegável urdidura de ações visando fragilizar o STF - algo absolutamente inaceitável. As revelações do Intercept reforçam também a necessidade de se investigar, como determinara o presidente Toffoli, as inúmeras fake news disparadas nas redes sociais, e mesmo em vazamentos na imprensa, contra os integrantes da Corte.
Há, de fato, como mostraram os diálogos, interesses escusos por trás do aparente desejo de se restituir a moralidade. Afinal, Dallagnol na sua indiscreta curiosidade, queria saber:
- Você conseguiria o endereço do apartamento do Toffoli, que foi reformado?
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