É hora de desvendar toda a podridão do lavajatismo

"É a hora desse jornalismo se recuperar, com uma autópsia do lavajatismo já morto, mas ainda esperneando e não totalmente desvendado", diz Moisés Mendes

Montagem (da esq. para a dir.): Deltan Dallagnol, Sergio Moro e Tacla Duran
Montagem (da esq. para a dir.): Deltan Dallagnol, Sergio Moro e Tacla Duran (Foto: Reprodução)


✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no canal do Brasil 247 e na comunidade 247 no WhatsApp.

Por Moisés Mendes, para o 247

O jornalismo, em especial o dito investigativo e das superestruturas da grande imprensa, deve há muito tempo uma abordagem definitiva sobre os crimes e as deformações do sistema de Justiça no Brasil.

continua após o anúncio

É a hora desse jornalismo se recuperar, com uma autópsia do lavajatismo já morto, mas ainda esperneando e não totalmente desvendado.

Não só do núcleo da operação Lava-Jato, mas de todo o entorno e seus desdobramentos, até as instâncias superiores por onde passaram e foram acolhidas as deliberações de Curitiba.

continua após o anúncio

Há informações dispersas sobre as anomalias do conjunto do sistema de Justiça, algumas tentativas de abordagem de questões pontuais e denúncias soltas como faíscas que não rendem fogaréu.

Não há nada que desvende o funcionamento estruturado de grupos organizados no sistema todo, da proteção pontual ou sistemática a poderosos, da venda de sentenças e das relações visíveis e invisíveis entre famílias, amigos, sócios e similares.

continua após o anúncio

Sergio Moro e Deltan Dallagnol, quase transformados em estátuas como paladinos da moralidade, poderiam contribuir para que o jornalismo aprofundasse investigações nessa área e juntasse as peças de uma colcha cheia de retalhos.

Moro e Dallagnol não seriam fontes ou informantes. Seriam alguns dos objetos do desvendamento, talvez os principais.

continua após o anúncio

O jornalismo poderia iniciar por eles a abordagem que nunca fez em profundidade sobre a face oculta, suspeita e delituosa do sistema de Justiça.

Os dois agora têm mandatos. São tão certos de suas imunidades que Moro sugeriu esses dias, em cena filmada propagada pela internet, que poderia “comprar um habeas corpus de Gilmar Mendes”.

continua após o anúncio

Alguns dias antes, Mendes havia cobrado publicamente esclarecimentos sobre a fundação de R$ 2,5 bilhões quase criada por Dallagnol. O ministro odiado pela lavajatismo vende habeas corpus?

E Moro e Dallagnol se omitiam ou participavam da venda de delações premiadas em Curitiba, como denuncia todos os dias Tacla Duran?

continua após o anúncio

O que mais devemos saber sobre as relações de Moro com o desembargador Marcelo Malucelli, do TRF4, que mandou prender Duran e depois disse que não era bem assim? O filho do desembargador é sócio de Moro e namorado da filha do ex-juiz.

O que nunca ficamos sabendo das negociações para contratação de Moro para o time de Bolsonaro, em meio ao processo de encarceramento de Lula, que possa acrescentar luz a obras como 'A outra história da Lava-Jato', de Paulo Moreira Leite?

continua após o anúncio

Quem pode nos contar, lá na origem, como Moro e Dallagnol foram escolhidos para chefiar a Lava-Jato, não por serem os mais brilhantes, mas os mais aptos a fazer o serviço que deveria ser feito? E fizeram.

Eles foram os escolhidos, por aptidão, a levar adiante a caçada a Lula e a destruição das grandes empreiteiras nacionais. Deveriam fazer o serviço conforme a encomenda. Tudo dentro do sistema de Justiça.

Moro e Dallagnol conhecem o funcionamento do sistema, como servidores privilegiados de uma vara só deles em Curitiba. Desfrutavam do direito a tarefas e missões exclusivas que lhes renderam fama e votos.

O próprio Dallagnol foi investigado em mais de uma dúzia de inquéritos (quem sabe ao certo quantos são?) no Conselho Nacional do Ministério Público. Sofreu apenas advertências.

O Conselho Nacional de Justiça abriu 55 inquéritos contra Moro e levou até o fim 34. Todos foram engavetados.

Há hoje pelo menos 20 juízes bolsonaristas sob investigação do mesmo CNJ por terem pregado o golpe ou disseminado fake news.

Todos os dias há denúncias semelhantes às que envolvem Moro com o desembargador do TRF4. O mesmo TRF4 que deu seguimento integralmente, e em tempo recorde, às sentenças de Moro.

O Judiciário tem laços de família, de amizade, de negócios e de interesses diversos, quase sempre encobertos, que só aparecem ao acaso, como esse em que envolve Moro e o juiz do tribunal regional.

Moro e Dallagnol levam invertidas de parlamentares das esquerdas sempre que fazem alguma manifestação no Congresso. Mas só peitar os dois e criar constrangimentos não resolve.

É preciso criar muito mais do que o incômodo da investigação da denúncia de Tacla Duran no Supremo.

O anunciado livro de Emílio Odebrecht, Uma Guerra contra o Brasil, em que o empreiteiro mostra como a Lava-Jato focou na quebra das grandes empresdas nacionais, pode ajudar.

Sabemos dos podres da política, das empresas, do futebol e de alguns dos pastores milagrosos com Deus acima de tudo, mas sentimos o cheiro e pouco sabemos da podridão da Justiça.

 Apoie a iniciativa do Jornalistas pela Democracia no Catarse

iBest: 247 é o melhor canal de política do Brasil no voto popular

Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista:

Este artigo não representa a opinião do Brasil 247 e é de responsabilidade do colunista.

Comentários

Os comentários aqui postados expressam a opinião dos seus autores, responsáveis por seu teor, e não do 247

continua após o anúncio

Ao vivo na TV 247

Cortes 247