É chegada a hora do morena brasileiro?

Simbolicamente, ao invés de investir unicamente em um projeto de poder, o MORENA surgiu para discutir e elaborar um projeto de nação. Não era um partido, era um movimento que acabou se convertendo em partido político. Talvez seja essa a nossa inspiração nesse momento

Simbolicamente, ao invés de investir unicamente em um projeto de poder, o MORENA surgiu para discutir e elaborar um projeto de nação. Não era um partido, era um movimento que acabou se convertendo em partido político. Talvez seja essa a nossa inspiração nesse momento
Simbolicamente, ao invés de investir unicamente em um projeto de poder, o MORENA surgiu para discutir e elaborar um projeto de nação. Não era um partido, era um movimento que acabou se convertendo em partido político. Talvez seja essa a nossa inspiração nesse momento (Foto: Lelê Teles)


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a tal frente ampla que passou-se a ventilar por aí pode ser aos moldes do que foi feito no Uruguai ou em El Salvador?

cara, problemas distintos pedem distintas soluções.

López Obrador - que tá mais pra Chávez que pra Lula - tentou uma frente ampla das esquerdas no México em 2012 e deu com os burros n'água, foi derrotado pelo PRI; embora em 2006 tenha perdido por exíguos 1%.

agora, Obrador tem tudo para vencer em 2018. 

e mais, se Trump ganha nos Esteites, o discurso nacionalista de Obrador faz dele um franco favorito; os mexicanos também já se mostram enfadados com a corrupção do PRI.

Obrador desistiu da frente ampla de partidos de esquerda e fundou o MORENA - Movimiento de Regeneración Nacional.

assim, simbolicamente, ao invés de investir unicamente em um projeto de poder, o MORENA surgiu para discutir e elaborar um projeto de nação. 

não era um partido, era um movimento que acabou se convertendo em partido político.

o MORENA tinha núcleos separados que debatia assuntos específicos: meio ambiente, cultura, educação etc. e juntos formavam uma ampla coalizão de ideias e ideais.

talvez seja essa a nossa inspiração nesse momento. é o que nos revela o espírito do tempo. 

temos tudo para formar um movimento amplo, diverso, colorido, inclusivo: moreno.

e isso já começou, quem tem ouvidos para ouvir que ouça.

já existe uma frente ampla de Deficientes Cívicos a ocupar as ruas, as escolas, as universidades... e são pessoas sem ligações históricas com os partidos de esquerda.

são feministas que lutam por mais direitos, são negros e negras que gritam por nenhum direito a menos, são idosos, pessoas com deficiência, jovens...

essa gente quer o poder para poder e não o poder pelo poder.

pra essa moçada de cica fresca, o PT perdeu a magia, perdeu o encanto de ser o partido da esperança, da ética e da moralidade.

sim, havia moralistas imorais na agremiação, inclusive na condição de caciques.

o PT perdeu, também, o contato com o povo. 

aqueles barbudos que viviam em botecos, fábricas, igrejas, escolas, praças e ruas tornaram-se uns burocratas barrigudos, frequentadores de restaurantes chiques.

esses homens de camarote sequer se dignaram a ir às ruas defender a presidenta, arrancada do poder pelos cabelos.

ao invés disso, esconderam as estrelas no armário, abandonaram o vermelho nas vestes, tornaram-se velhos imberbes, burocratas inertes, acoelharam-se, repaginaram-se.

converteram-se em petistas sem petismo. 

é uma meia verdade que a mídia tenha destruído a imagem do PT, a mídia tenta isso desde os anos '80 do século XX.

a verdade é que o PT deu uma força (financeira, inclusive) para a mídia esculhambar, noite e dia, a imagem do maior partido da América Latina.

Psol, PSTU, Rede são agremiações anãs e nanicas serão sempre; nasceram do rancor e do personalismo de alguns sabichões e são erráticos, contraditórios, bufões.

não digo que o PT está morto, como disse aquele bufão do IBOPE há uma década atrás; nem que deveria já ter morrido como disse o Bornhausen. nem que agoniza, como repete amiúde a mídia velha.

o PT está vivo e segue sendo necessário, como necessário é dar ouvido a outras vozes também. 

a velha esquerda pecou bastante em formar novos quadros, em politizar a sociedade. mas apesar dela, da velha esquerda, ainda há esperança.

a direita, arrogante, pediu uma escola sem partido. não sem partidos, mas sem O partido.

em troca receberam o troco não do partido, mas dos estudantes, que resolveram tomar partido e lutar por uma educação de qualidade.

nas escolas, na luta prática, na ocupação é que os garotos e garotas estão aprendendo sobre política: solidariedade, divisão de tarefas, respeito mútuo, união, debate, discurso, respeito à opinião alheia e à constituição...
 
e agora não tem mais volta, não tem arrego. a molecada compõe o coro de novas vozes que devem ser ouvidas.

enquanto os políticos profissionais tentam encontrar um atalho para voltar ao poder quem está nas ruas, nas cadeias, batendo na porta alheia e levando uma mensagem de esperança?

os pastores evangélicos, que também são políticos.

e quem também está nas ruas, nas escolas, nas universidades? 

aRtivistas, pRetistas, feministas, secundaristas...

os velhos caciques podem montar uma frente ampla com partidos de esquerda, não vai dar em nada isso, só em fratricídio. 

agora, além dessa frente ampla, vamos fortalecer o MORENA, como um movimento de renovação nacional. abrindo espaço para esses novos atores políticos que estão a surgir.

Lula, Requião e Ciro podem liderar um MORENA brasileiro, podem ser o amálgama que falta para dar mais força a essa gente bronzeada e legitimar suas bandeiras?

afinal, para dar a volta por cima é preciso sacudir a poeira. 

livrar-se dos amigos históricos metidos em maracutaias e ouvir a voz das ruas, do povo, dar as mãos aos Deficientes Cívicos e lutar por eles, pra eles e com eles por mais direitos.

é isso ou nada.

palavra da salvação.

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