E agora, Jair?

"A movimentação visando evitar a prisão de Bolsonaro revela que nem os fascistas acreditam no caráter milagreiro dos auxílios [do governo]", diz Bepe Damasco

Jair Bolsonaro
Jair Bolsonaro (Foto: REUTERS/Adriano Machado)


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11 de agosto promete. Será lida na Faculdade de Direito da USP, no Largo de São Francisco, em São Paulo, a “Carta aos brasileiros”, manifesto em defesa da ordem democrática cuja expectativa até a data da manifestação é reunir 1 milhão de assinaturas, entre juristas, intelectuais, jornalistas, artistas, sindicalistas, lideranças da sociedade civil e até banqueiros.

Outro texto com o mesmo teor, lançado pela Fiesp, Febraban e outras organizações ligadas ao capital, recolhe apoios expressivos e evidencia o rompimento da elite empresarial e financeira com Bolsonaro.

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Como para tudo na vida tem limite, a nação dá fortes sinais de que resolveu dar uma basta nas investidas de Bolsonaro contra a democracia.    

Sobre a campanha eleitoral propriamente dita, pode até ser que um contingente pequeno do eleitorado se deixe levar pela pregação do capitão, que não medirá esforços para massificar a paternidade dos auxílios aprovados pela PEC do Desespero.

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Mas, a esta altura, Bolsonaro e seu staff já sabem que o pacote de bondades oportunista e inconstitucional não será suficiente para impedir  sua derrota, provavelmente já no primeiro turno.

Nas contas que Bolsonaro e Lira fizeram antes da violação da legislação eleitoral, da Lei de Responsabilidade Fiscal e da própria Constituição da República, certamente deixaram de fora o fator Lula.

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Chega a ser ingenuidade imaginar que a tentativa escrachada de comprar votos tivesse o condão de derrotar o maior líder popular do país, ex-presidente da República e que lidera com folga todas as pesquisas. Pesquisa Datafolha publicada na quinta-feira da semana passada mostra que 61% das pessoas identificam na PEC a tentativa de comprar votos.

No mundo ideal dos estrategistas do Planalto, o mandato desastroso de Bolsonaro, que trouxe a fome de volta ao Brasil em larga escala, que atenta contra a democracia praticamente todos os dias e que contribuiu para a morte de quase 700 mil brasileiros, seria apagado do imaginário popular por um pacote de benefícios com data para acabar, já que será pago só até dezembro.

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Mas a vida é bem mais difícil e complexa.

Lula tem alertado, em seus eventos de pré-campanha cada vez mais concorridos, acerca da provisoriedade demagógica e eleitoreira dos auxílios e aconselha o povo a embolsar os benefícios, claro, mas negar o voto em Bolsonaro. “Pega o auxilio e come, se não, o Guedes toma”, disse o ex-presidente em Fortaleza.

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A movimentação de bolsonaristas visando um arranjo que permita evitar a prisão de Bolsonaro depois que deixar o governo, ideia de jerico sem chances de prosperar, revela que nem os fascistas acreditam no caráter milagreiro dos auxílios.

Como diz um amigo, "vem logo 2 de outubro".

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