E a democracia sobreviveu a 2015

Por muitas vezes, todos nós pensamos que estava tudo perdido. O golpe seria desfechado e a democracia, que tanto custou a tantos para ser restabelecida, seria massacrada novamente. Mas não aconteceu

Por muitas vezes, todos nós pensamos que estava tudo perdido. O golpe seria desfechado e a democracia, que tanto custou a tantos para ser restabelecida, seria massacrada novamente. Mas não aconteceu
Por muitas vezes, todos nós pensamos que estava tudo perdido. O golpe seria desfechado e a democracia, que tanto custou a tantos para ser restabelecida, seria massacrada novamente. Mas não aconteceu (Foto: Eduardo Guimarães)


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Refletindo sobre o ano espantoso, assustador e doloroso que chega ao fim, há que concluir que, sob um aspecto muito importante, não só terminou bem como ainda abre passagem a um novo ciclo que promete marcar a virada desse jogo injusto e perigoso que foi jogado ao longo dos últimos 365 dias.

Desde 2002 o Brasil não tinha um ano tão ruim. Durante os 12 anos seguintes este país distribuiria renda, veria a pobreza cair e o nível de emprego aumentar. Mas o fascismo não se conformava...

Chegamos ao fim de 2014 com algum desequilíbrio fiscal que poderia ter sido resolvido facilmente se tivéssemos feito o ajuste no primeiro semestre e se a operação Lava Jato não tivesse se transformado em um instrumento político para sabotar a economia, paralisando o setor da construção pesada e lançando incertezas sobre os agentes econômicos, paralisando o investimento.

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A sabotagem da direita midiática roubou-nos empregos, aumentou a inflação, interrompeu a queda da pobreza e da desigualdade. E, mais do que tudo, ameaçou a democracia.

Os problemas econômicos artificiais, gerados por autêntica sabotagem assacada contra a nação, ludibriaram a maioria dos brasileiros, levando-os a colaborar com setores microscópicos da sociedade que a oprimem há cinco séculos e que, de forma trágica, recuperaram força que haviam perdido durante mais de uma década.

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Hidrófoba, a ultradireita se assanhou como não fazia desde que, há cerca de meio século, sepultou a democracia e impôs aos brasileiros duas décadas inteiras de opressão, de violência, de concentração de renda, de saque ao patrimônio público sem que ninguém pudesse sequer sonhar em contestar.

Foi doloroso ver as minúsculas classes opressoras arrastarem para seu baile macabro aqueles que oprimem, lotarem as ruas em um festim diabólico contra a democracia.

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Por muitas vezes, nesse ciclo terrível que chega ao fim, vimos a democracia quase naufragar e dar lugar a um novo regime autoritário que se estabeleceria sob disfarce de legalidade, porém jogando no lixo mais um mandato popular sob mentiras e distorções dos fatos, o que teria aberto um período de caça às bruxas da mesma natureza do que sucedeu ao golpe de 1964.

Porém, as instituições brasileiras resistiram. O Supremo Tribunal Federal, saneado da demência personalista de Joaquim Barbosa, não foi mais o mesmo. Barrou a delinquência de Eduardo Cunha e se converteu no grande bastião da democracia.

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A esquerda, mesmo combalida e sem entender completamente o momento político, intuiu que precisava ir à rua e, assim, fez ver aos fascistas e golpistas que não seria tão fácil sepultar a democracia – sem violência física, dar um golpe de Estado é infinitamente mais difícil.

A democracia resistiu, também, por uma resistência de homens e mulheres que usaram a internet para denunciar os ímpetos antidemocráticos que espreitavam a nação. Blogueiros, ativistas digitais e uma parcela corajosa, heroica da opinião pública não sucumbiram à tentação de se abster. Agredidos, insultados, nós que atuamos pela democracia na internet não nos rendemos e, assim, ajudamos a barrar o golpe.

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Por muitas vezes, todos nós pensamos que estava tudo perdido. O golpe seria desfechado e a democracia, que tanto custou a tantos para ser restabelecida, seria massacrada novamente. Mas não aconteceu.

Nossa luta tem dado frutos. Setores crescentes da sociedade apenas iniciam o despertar do ilusionismo nefando com que pretendem reimplantar um regime ditatorial no país. Conseguimos resistir, conseguimos barrar o golpe em 2015, o que, a certa altura, parecia impossível.

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O ano que principia começará turbulento. Os golpistas apostarão tudo no primeiro trimestre porque sabem que, depois, a economia começará a se recuperar. E não haverá como impedirem. Só temos mais três meses de luta desigual pela frente, portanto. E para quem resistiu por 365 dias, resistir mais noventa será moleza.

A munição golpista-fascista está terminando ao mesmo tempo em que a nossa está para receber reforço da recuperação do segundo trimestre e de medidas do governo que diminuirão a resistência de setores da esquerda a se posicionarem contra o golpe. Por isso tudo, 2016 será o ano da virada. O fascismo não perde por esperar.

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Que venha 2016. Feliz Ano Novo, companheiras e companheiros!

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