Doria não vai apoiar maluquices de Bolsonaro
O jornalista Alex Solnik comenta o primeiro pronunciamento como governador de São Paulo de João Dória e acredita que ele "fez questão de se diferenciar de Jair Bolsonaro"; "não hostilizou o PT – ao contrário, prometeu, ao menos prometeu, manter diálogos com todos os partidos e todas as correntes; não falou em nenhum momento de maluquices como Escola sem Partido; enfatizou que não vai seguir viés ideológico em seu comportamento; não falou de Venezuela, Cuba", observa
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Por Alex Solnik, colunista do 247 e integrante do Jornalistas pela Democracia - Em seu primeiro pronunciamento como governador de São Paulo, João Dória fez questão de se diferenciar de Jair Bolsonaro. Não hostilizou o PT – ao contrário, prometeu, ao menos prometeu, manter diálogos com todos os partidos e todas as correntes; não falou em nenhum momento de maluquices como Escola sem Partido; enfatizou que não vai seguir viés ideológico em seu comportamento; não falou de Venezuela, Cuba.
O oposto do que Bolsonaro fez até à véspera da posse.
É claro que muitas vezes ou quase sempre discursos servem para ocultar intenções reais, mas, ao menos da boca para fora, Doria deixou bem claro que a campanha acabou e seus ataques a Lula e o PT serão aposentados enquanto for governador.
Avisou que desceu do palanque.
Disse que vai apoiar as iniciativas de Bolsonaro que forem boas para o país, que torce por ele e tal, mas jamais demonstrou qualquer intenção de se orientar pela bíblia de Olavos de Carvalho, Ernestos Araújos e Damares.
Também ficou claro para mim que sua intenção é disputar a presidência da República em 2022. E é por isso que ele não vai, é evidente, brigar com Bolsonaro, mas também não vai dar apoio irrestrito.
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Construir o caminho rumo ao Planalto vai depender da habilidade de Dória em unir o PSDB que saiu em frangalhos da última eleição. Ou seja: resgatar os votos tucanos que elegeram Bolsonaro. Os votos que foram para Aécio em 2014 migraram para o ex-capitão, o que foi fundamental para ele. Não se elegeria com os votos do eleitorado de extrema-direita, que é minoritário, quanto o de extrema-esquerda. A vitória de Bolsonaro aconteceu porque ele atraiu os eleitores que haviam votado em Aécio e se desencantaram com ele e com o partido dele.
Dória também disse que torce para o sucesso de Bolsonaro. Não poderia dizer o contrário. Mas, no fundo, no fundo, se ele tiver muito sucesso a chance de Dória vir a sucedê-lo daqui a quatro anos fica menor.
O melhor para Dória é que Bolsonaro faça um bom governo, pero no mucho.
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