Dom Walmor, da CNBB, cobra do governo “projeto inteligente”
O presidente da Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Walmor Oliveira de Azevedo, cobrou do Poder Executivo “um projeto inteligente que faça mostrar que a sociedade brasileira cuida de fato do cidadão, sobretudo dos que precisam mais”
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Por Marcelo Auler, em seu Blog e para o Jornalistas pela Democracia - O presidente da Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Walmor Oliveira de Azevedo, cobrou do Poder Executivo “um projeto inteligente que faça mostrar que a sociedade brasileira cuida de fato do cidadão, sobretudo dos que precisam mais”. Cobrança ocorreu em celebração realizada na quarta-feira (25/03), por conta da Festa da Anunciação do Senhor, ocasião em que ele, sem citar Jair Bolsonaro, disse “repudiar e criticar, veementemente, autoridades do executivo nacional, quando minimizam aquilo que é preciso ser realizado com responsabilidade por todos nós”.
Nessa mesma homilia, ao comentar a pandemia do Covid-19, ele defendeu a construção de “uma sociedade mais justa e fraterna. Sem crimes ambientais. Sem a ganância do poder. Sem o apego ao dinheiro”. Pediu que os poderes “ajam de modo a termos uma ordem social e política adequada, extirpando aquilo que de fato está na contramão e substituindo por caminhos novos que precisamos percorrer”. Cobrou ainda, de segmentos da sociedade, sem especificar quais, que abram mão “de muitas coisas, inclusive salários e benesses”.
Na missa, celebrada na casa onde reside com o bispo auxiliar Vicente de Paula Ferreira e as irmãs da Congregação Pequenas Missionárias de Maria Imaculada, dom Walmor rezou em intenção das vítimas de Brumadinho e seus familiares, mas falou da necessidade de se rezar também pelas vítimas de outras pandemias que atingiram diversos setores da sociedade. Na verdade, verdadeiras chagas que se abatem sobre muitos, há tempos:
“Queremos aqui da casa, chegar aí na casa de cada família no Vale do Paraopeba e em todos os lugares daqueles que partiram. Juntando a estes, tantos outros que em razão de muitas outras pandemias perderam sua vida. A pandemia do extermínio, a pandemia do feminicídio, a pandemia dos crimes ambientais, a pandemia da exclusão social, a pandemia da indiferença”.
Lembrou que naquela manhã rezou, “em comunhão com o coração do Papa Francisco, a oração que o Senhor Jesus nos ensinou. Para nos fortalecer no compromisso da fraternidade solidária. E nos convencer, como este tempo está nos mostrando, que é preciso uma nova lógica. Um novo jeito de a gente viver e conviver com a casa comum. Entre nós, na nossa casa. E como sociedade. Superando o ritmo frenético, egoísta, mesquinho de ter. Comprometendo nosso modo de ser”.
Sem citar nomes, após repudiar e criticar o presidente Jair Bolsonaro por ele minimizar “aquilo que é preciso ser realizado com responsabilidade por todos nós”, alertou:
“A pandemia do Covid-19 e muitas outras pandemias não podem se compor agora mais e mais com pandemias de irresponsabilidades, de inconsequências e de falta de sentido humanístico e respeitoso para com a dignidade da pessoa humana.”
“Temos que obedecer: fique em casa”
A todo instante, depois de ressaltar a importância da casa, em contraponto com o que disse Bolsonaro na véspera (terça-feira), na rede de TV, o presidente da CNBB insistiu na necessidade de se atender às recomendações das autoridades da saúde:
” (…) temos que obedecer de modo amoroso e cego. Fique em casa. Trabalhando muito para que a nossa sociedade dê conta de tudo. De nós, mas sobretudo dos pobres sofredores. (…) É preciso, primeiro, nesse tempo, fique em casa. Esta é a indicação das autoridades sanitárias competentes e sensatas. Fique em casa. Trabalhemos tudo que podemos para ajudar a construir uma sociedade justa e fraterna”.
Cobranças aos três poderes e à sociedade
O presidente da CNBB cobrou medidas dos três poderes e da sociedade pedindo que “ajam de modo a termos uma ordem social e política adequada, extirpando aquilo que de fato está na contramão e substituindo por caminhos novos que precisamos percorrer. Esperamos, pois, muitas coisas”. Em seguida, especificou as cobranças:
Do “Poder Executivo a apresentação de um grande projeto de contingência para amparo dos mais pobres, nesse momento de crise. Um projeto inteligente, que faça mostrar que a sociedade brasileira cuida de fato do cidadão, sobretudo dos que precisam mais. Dos vulneráveis, dos mais pobres, garantindo trabalho e sustento para todos”
Do Legislativo, “em todas as suas esferas”, pediu “a corajosa postura de mostrar, com exemplos e com intuições que possam modificar o caminho do mundo e da sociedade brasileira, propostas concretas de mudanças. Sobretudo no testemunho bonito, a todos convocando para a solidariedade”.
Do Judiciário, disse esperar da “Suprema Corte a força de garantir a Justiça e a defesa da ordem constitucional”.
Dos segmentos todos da sociedade “esperamos competência e colaboração humanística e solidária, abrindo mão de muitas coisas: de salário, de benesses, em uma hora em que o mundo precisa mudar e só mudará na força da solidariedade”.
Ouça a homilia de Dom Walmor
Abaixo o vídeo com toda a homilia de Dom Walmor. Aos 6:34 minutos ele começa a falar sobre o comportamento do governo durante esta pandemia.
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