Dolorido é o tamanho do placar

O que é mais lamentável em tudo isso é que a esta altura os profetas do caos, os maus brasileiros que torceram pelo fracasso da Copa, devem estar festejando a derrota da nossa seleção



✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no canal do Brasil 247 e na comunidade 247 no WhatsApp.

O sonho do hexa acabou. E de maneira humilhante. A Alemanha massacrou o Brasil com uma goleada de 7 x 1, a maior da história do nosso futebol. Foi fácil demais: em apenas 10 minutos a seleção alemã marcou cinco gols, já no primeiro tempo, diante de uma atônita e incrédula torcida. Os jogadores brasileiros, estranhamente apáticos e perdidos dentro do campo, praticamente se limitaram a assistir o jogo dos alemães, por pouco não comemorando os sete gols. Um vexame que abateu 200 milhões de brasileiros. Afinal, o que aconteceu?

Na verdade, não há explicação nem justificativa. A derrota é natural e faz parte do jogo, mas não com um placar tão elástico como esse, sobretudo para uma seleção pentacampeã como a brasileira. O dolorido, portanto, não é a derrota, mas o tamanho da goleada. Uma humilhação tão grande que levou até alguns jogadores alemães a pedir desculpas aos torcedores brasileiros, muito mais um deboche do que um gesto de humildade. Foi o pior resultado obtido pela seleção canarinho em 100 anos, o que, infelizmente, deixará marcados os seus integrantes e o treinador pelo resto da sua vida profissional.

Alguns comentaristas, ainda tentando entender o que efetivamente aconteceu, atribuíram a goleada a uma desastrosa escalação da equipe, alterada devido à lesão de Neymar e à suspensão de Thiago Silva. O técnico Felipão, consciente da sua responsabilidade na convocação e escalação dos jogadores, assumiu, naturalmente, a culpa pelo vexame. A sua culpa maior, no entanto, está relacionada ao fato de não ter corrigido o que parece ser o eterno defeito da nossa seleção em todos os tempos: a falta de marcação e o joguinho de bola para trás e para os lados. Os alemães jogaram à vontade, sem ser incomodados, com tranquilidade suficiente até para escolher o canto onde fizeram os gols.

continua após o anúncio

É justo que se reconheça, também, a responsabilidade do atacante colombiano Zúñiga, que tirou da Copa o principal jogador brasileiro, Neymar, com uma entrada criminosa que fraturou uma de suas vértebras, sob as vistas complacentes do juiz espanhol, a omissão da CBF e a aprovação silenciosa da Fifa, que não puniu o agressor, ao contrário do que fez com o craque uruguaio Luis Suárez, afastado da competição por ter mordido um atleta italiano. Sem Neymar e Thiago Silva, este vítima da péssima arbitragem dos juízes inglês e espanhol, a seleção canarinha não foi a mesma que venceu os seus adversários nas primeiras fases do certame. Nem mesmo o golzinho de honra no final do segundo tempo conseguiu apagar a irreconhecível atuação dos jogadores brasileiros, que deixaram o país perplexo.

É forçoso que se reconheça, também, o nível do futebol alemão. Evidente que a excelente equipe de Klose tem méritos, mas não tanto para impor semelhante humilhação ao futebol brasileiro. Prova disso é que eles sofreram muito para derrotar adversários muito mais fracos e por um placar mínimo. Ninguém, portanto, nem o mais otimista dos alemães, poderia esperar que a seleção pentacampeã do mundo pudesse passar por tamanho vexame, com o pior resultado da sua história. E agora? O que a torcida pode esperar dessa seleção na disputa pelo terceiro lugar na Copa? Para atenuar a humilhação os brasileiros precisam vencer o adversário neste sábado, em Brasília. De outro modo, será muito difícil esquecer o 8 de julho de 2014.

continua após o anúncio

O que é mais lamentável em tudo isso é que a esta altura os profetas do caos, os maus brasileiros que torceram pelo fracasso da Copa, devem estar festejando a derrota da nossa seleção, convencidos de que o fim da euforia da torcida verde-amarela produzirá reflexo negativo na candidatura da presidenta Dilma Rousseff à reeleição. Como eles erraram fragorosamente na previsão de desastre na realização da competição esportiva, um sucesso reconhecido por gregos e troianos, torcem agora para que os 7 x 1 desabem sobre o Palácio do Planalto. Entre os que afirmam que o sonho acabou e que o brasileiro voltará agora à realidade do pesadelo, estão o senador Agripino Maia e o misto de cineasta e articulista Arnaldo Jabor. Para ambos, o desastre tem de acontecer a partir de agora. Como Cassandras, porém, não é muito difícil concluir que os dois são tragicômicos.

continua após o anúncio

iBest: 247 é o melhor canal de política do Brasil no voto popular

Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista:

Este artigo não representa a opinião do Brasil 247 e é de responsabilidade do colunista.

Comentários

Os comentários aqui postados expressam a opinião dos seus autores, responsáveis por seu teor, e não do 247

continua após o anúncio

Ao vivo na TV 247

Cortes 247