Dólar/papel X Yuan/ouro
Dólar/papel, yuan/ouro e prata. Parece até letra de funk mas não é. São indícios de fortes mudanças da economia na luta histórica pelo poder mundial. Ao olharmos uma nota de cem dólares americanos- que não passa de um simples pedaço de papel- sabemos que se transformou em algo tão valioso porque foi na sua origem respaldada por ouro
✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no canal do Brasil 247 e na comunidade 247 no WhatsApp.
Dólar/papel, yuan/ouro e prata. Parece até letra de funk mas não é. São indícios de fortes mudanças da economia na luta histórica pelo poder mundial.
Ao olharmos uma nota de cem dólares americanos- que não passa de um simples pedaço de papel- sabemos que se transformou em algo tão valioso porque foi na sua origem respaldada por ouro.
Houve um tempo em que qualquer um poderia ir ao banco com uma nota de dólares na mão e pedir o equivalente em ouro ou prata. Isso acontecia até 1971.
Daí em diante o EUA abandonou o modelo e teve que buscar outra garantia para impedir que sua moeda se transformasse em papel sem valor.
O que fizeram, então? O ex-presidente Nixon foi se encontrar com o rei da Arábia Saudita e lhe disse: seu país e seus aliados da OPEP (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) tem todo o petróleo do mundo; nós temos poder e força e te oferecemos proteção em troca da OPEP vender seu petróleo somente aceitando pagamento em dólares.
Como certamente nas entrelinhas ficou claro que dizer sim seria a única opção da Arábia Saudita, aceitaram e assim iniciou-se o processo de criação do petrodólar, em 1974.
Como o mundo inteiro necessita petróleo- hoje conhecido como ouro negro - e esta é a única maneira de negociar petróleo, o valor do dólar ficou garantido não mais pelo ouro mas pelo petróleo.
O EUA é o único país do mundo que pode imprimir a quantidade que quer de cédulas de dólares. Bilhões, trilhões, que seguem tendo valor porque é a única moeda com a qual no mundo negocia-se petróleo.
Os primeiros que ousaram desafiar este sistema imposto pelo EUA sofreram consequências desastrosas.
Kadafi, ex-presidente da Líbia, teve a ideia de vender petróleo e gás natural para a Europa e aceitar o pagamento em euros e todos conhecem a história.
Em outubro de 2011, foi barbaramente assassinado juntamente com seu filho, após o bombardeio por um avião francês de veículos que transportavam o líder líbio e sua comitiva de 60 pessoas.
O Iraque foi pelo mesmo caminho e o mundo inteiro presenciou a guerra aí instalada com seus terroristas pagos pelo EUA destruindo cidades, indústrias e retirando dai, inclusive, construtoras brasileiras há anos trabalhando no país. Além disso, com a ajuda americana o ex-presidente Sadam Hussein, foi deposto, preso e enforcado.
O movimento antiamericano de desafio ao uso do dólar em transações internacionais ocorreu inclusive no Brasil durante o governo militar de Ernesto Geisel que enfrentou o EUA e realizou negociações com o México usando uma equiparação monetária baseada em crédito recíproco nas moedas brasileira e mexicana.
Na atualidade, no entanto, a conjuntura geopolítica mundial está mudando rapidamente e não é atoa que Trump está tão nervoso.
Vários países estão se unindo para derrubar o petrodólar e alguns são poderosos.
A China é atualmente o maior problema dos EUA. Deixou bem claro que vai começar a negociar petróleo com sua moeda, o yuan, e já iniciou negociações neste sentido com Rússia, Irã, Iraque, Venezuela, Turquia, com países africanos produtores de petróleo, e, inclusive, com países da OPEP.
Em 2012, o Irã começou a vender petróleo em yuan e em 2017, a Venezuela começou a cotar o petróleo na moeda chinesa.
O EUA não pode fazer o mesmo que fez no Iraque e na Líbia. Nem o que tentou fazer na Síria. Tanto China quanto Rússia tem armas nucleares. São superpotências.
Enquanto Trump ameaça a Rússia com sanções, a China oferece ao país comprar seu petróleo, pagar em yuan, com a garantia de que quando a Rússia quiser pode trocar cada yuan que tiver pelo seu equivalente em ouro no Mercado de Xangai Golden Exchange.
A Rússia aceitou e é inclusive hoje, segundo a blogotv.ru, o maior comprador de ouro do mundo.
A China ofereceu as mesmas condições a todos os outros países que aceitarem negociar com eles e receber em yuan. E a China está comprando tudo: petróleo, (com um consumo de 4,2 bilhões de barris diários), gás natural, ouro, cobre.
Além disso, Moscou e Beijing negociaram no final de outubro a prorrogação por mais três anos de um acordo de intercâmbio rublo-yuan no valor equivalente a 25 bilhões de dólares para o aumento do uso de suas moedas nacionais no comércio entre os dois países.
Quando a China entrou na Associação Mundial de Intercâmbio Comercial, em 2000, a classe média chinesa era de 5% da população, hoje é de quase 35%.
A China está crescendo neste nível e sabe qual é o segredo chinês? A moeda está baseada em ouro, não é apenas um pedaço de papel como nos EUA.
A morte do petrodólar será a morte da economia americana. A Reserva Federal dos EUA- que é privada, não do governo - já não vai mais poder imprimir tantas notas de dólares porque este papel, que não estará mais respaldado por ouro, nem por petróleo, não terá mais valor algum.
Qual será a repercussão a nível mundial? Uma vez que o petrodólar morrer, o EUA perde seu status de maior economia do mundo. Que isso vai acontecer é certo, trata-se apenas de uma questão de tempo.
Percebe-se que o dólar está cada vez mais débil também pelo crescimento do bitcoin, uma moeda virtual, baseada em um cálculo matemático que só existe no mundo da cibernética. Anteriormente um bitcoin era o equivalente a centavos de dólar, hoje são necessários quase 5 mil dólares para comprar um bitcoin.
Em 2014 uma companhia do Kuwait propôs negociar petróleo com bitcoins, justificando que isso geraria transações mais rápidas, mais baratas e eficientes.
Isso significa que a nível real o dólar está se desvalorizando e tende a desaparecer a qualquer momento. Consultores financeiros internacionais aconselham a não fazer investimentos em dólar, mas sim em ouro, prata ou até mesmo em bitcoins.
O real lastro do dólar hoje não é mais de caráter econômico mas sim o lastro do míssil nuclear: é a ameaça militar que faz com que os países se submetam a essa fraude monetária escandalosa do dólar de papel.
iBest: 247 é o melhor canal de política do Brasil no voto popularAssine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista:
Este artigo não representa a opinião do Brasil 247 e é de responsabilidade do colunista.
Comentários
Os comentários aqui postados expressam a opinião dos seus autores, responsáveis por seu teor, e não do 247