Dois tempos: a ditadura ontem, a superação da ditadura hoje
São dois tempos, reflito. O de agora é a esperança da superação do golpe desferido contra o povo em 2016. Já o tempo dos personagens do romance falava em 1971 para a revolução socialista que viria, ou virá. São dois tempos
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Coisa mais feia foi ver esta semana o senhor Temer na cadeira ao lado do novo presidente do Supremo Tribunal Federal. Sei que não se deve pedir misericórdia ao diabo, porque será inútil. Mas bem podemos esfregar os olhos para não alucinar diante do fantasma de um encenação de presidente que imita pompa e decência em momento solene. Que fantasma, que sinistro espetáculo. Pesadelo.
Então procuro ligar o que vivemos ontem e o que passamos hoje. Ligo, faço o link e recupero.
Assim falam personagens do romance “A mais longa duração da juventude” no tempo em que o Brasil sofria a ditadura Médici:
“- O futuro é o socialismo – Alberto fala.
- Isso mesmo – continua Zacarelli. – O mundo do futuro é o socialismo. Isso é uma lei. Isso é feito a lei da gravidade. O capitalismo cai. Não tem como escapar.
- Então esse futuro não precisa de nós – o álcool me ajuda a dizer. – Esse futuro virá sem nós. Basta acompanhar a lei de Isaac Newton.
- Que é isso, você é louco? – Zacarelli me pergunta. – Nós não somos objetos fixos, parados sob o peso da lei, presos. Que é isso?
- Sim, mas não importa o que a gente faça – respondo. – Se é lei, o mundo nem precisa de nós.
- Meu Deus do céu – Zacarelli volta. – Nas ciências sociais, a lei é uma tarefa dos homens. Sem nós só haverá um deserto.
- Então a lei da gravidade somos nós. Ela só existe se nós agirmos – digo.
- Isso. A lei somos nós. Ela não está escrita antes. Somos nós que fazemos a lei.
- Um brinde para nós! – Narinha fala. – Primeira bateria, segunda bateria, já virou.... – Entornamos os copos.
- Ao mundo que desejamos – Alberto propõe.
E levantamos os copos descortinando as cidades do futuro. Então toca Yellow submarine. E começamos a bater na mesa e a gritar we all live in a yellow submarine, yellow submarine. É impossível o controle sobre nossos corações”.
Mas assim fala hoje o maior personagem do Brasil, o eterno presidente Lula em trechos da sua carta esta semana:
“Há mais de cinco meses estou preso injustamente. Não cometi nenhum crime e fui condenado pela imprensa muito antes de ser julgado. Continuo desafiando os procuradores da Lava Jato, o juiz Sérgio Moro e o TRF-4 a apresentarem uma única prova contra mim, pois não se pode condenar ninguém por crimes que não praticou, por dinheiro que não desviou, por atos indeterminados.
Vocês me conhecem e sabem que eu jamais desistiria de lutar. Perdi minha companheira Marisa, amargurada com tudo o que aconteceu a nossa família, mas não desisti, até em homenagem a sua memória. Enfrentei as acusações com base na lei e no direito. Denunciei as mentiras e os abusos de autoridade em todos os tribunais, inclusive no Comitê de Direitos Humanos da ONU, que reconheceu meu direito de ser candidato....
A nossa lealdade, minha, do Haddad e da Manuela, é com o povo em primeiro lugar. É com os sonhos de quem quer viver outra vez num país em que todos tenham comida na mesa, em que haja emprego, salário digno e proteção da lei para quem trabalha; em que as crianças tenham escola e os jovens tenham futuro”
São dois tempos, reflito. O de agora é a esperança da superação do golpe desferido contra o povo em 2016. Já o tempo dos personagens do romance falava em 1971 para a revolução socialista que viria, ou virá. São dois tempos. O primeiro era um grito da vanguarda legítima e necessária como força humana. O de hoje é um grito de humanidade contra a farsa democrática que mantém preso o maior líder do Brasil.
Para os ouvidos da nossa memória e compreensão, os personagens daqueles anos ainda falam:
“- A realidade se faz todos os dias, em caminhos nunca vistos.
- O carequinha bolchevique falou uma vez sobre as astúcias do real.
- Até nós – Alberto sorrri – somos parte do real”
São dois tempos. E me ponho a refletir sobre as astúcias de um futuro que não imaginávamos no tempo da ditadura Médici. E que nos assalta hoje, no tempo da decomposição democrática. Ontem:
“- Nós entraremos no campo lindo entre crianças que pulam para tocar as asas vermelhas, amarelas das borboletas. Vamos pular com elas.
- Para que servem as borboletas?
– Nós vamos viver num mundo em que o valor de uma coisa não é a sua utilidade”.
Hoje:
“Se querem calar nossa voz e derrotar nosso projeto para o País, estão muito enganados. Nós continuamos vivos, no coração e na memória do povo. E o nosso nome agora é Haddad. Ao lado dele, como candidata a vice-presidente, teremos a companheira Manuela D’Ávila, confirmando nossa aliança histórica com o PCdoB
Luiz Inácio Lula da Silva”
Assim foi, assim é. Só nos resta seguir rumo ao futuro, como cantava Paulinho da Viola em 1971
https://www.youtube.com/watch?v=Szs_srbVpj4
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