Dois pesos, duas medidas?
Causa estranheza na militância petista o fato de ataques contra o PT não provocar “azedume” na Executiva Nacional. No Ceará, é possível servir a dois senhores?
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O desafio de retirar o Brasil das mãos do fascismo bolsonarista, colocado no poder pelas mãos da articulação golpista da Operação Lava Jato, comandada por Sérgio Moro, sob a batuta midiática da Rede Globo, desde 2014, requer uma engenharia política complexa de alianças que permita às forças da esquerda democrática não apenas chegar ao poder com a vitória na eleição de 2022, mas a governabilidade necessária e estável capaz de viabilizar seu projeto nacional de reconstrução do país a partir da posse.
Um dos instrumentos inovadores a serem testados nesse constructo é o dispositivo da “federação partidária”, um desafio à democracia, já testado e aprovado em alguns países democráticos como a Alemanha, Chile, Espanha, Portugal e Uruguai, ao buscar promover o aperfeiçoamento do sistema representativo pelo fortalecimento de legendas, valorizando convergências programáticas e enxugando paulatinamente o espectro partidário. Diferentemente das desgastadas coligações, concebidas como arranjos locais de partidos heterogêneos, com o objetivo único da disputa eleitoral, as federações terão uma vida mais longa, de no mínimo quatro anos, funcionando como uma frente de partidos, implicando uma atuação conjunta nos níveis municipal, estadual e federal, estimulando a construção de unidades dos campos políticos, favorecendo a uma melhor compreensão do eleitorado sobre as disputas em questão. Por ser inovadora, não se trata de uma tarefa de fácil execução.
O jornal O Globo de hoje, 12, aponta para uma das pedras no meio do caminho desta construção. Segundo o periódico, a presidenta nacional do Partido dos Trabalhadores (PT), Gleisi Hoffmann, reclamou o fato de o governador do Espírito Santo, Renato Casagrande (PSB), ter se encontrado com o presidenciável e ex-juiz declarado suspeito Sérgio Moro (Podemos), dificultando ainda mais as negociações entre os dois partidos – PT e PSB – para a formação da federação. Gleisi afirmou categoricamente que “não é possível servir a dois senhores”, ficando praticamente impossível para o conjunto dos integrantes do PT apoiar Casagrande depois de tal gesto, “tornando a coisa mais azeda; é uma sinalização política ruim”. Todavia, registre-se que, além de Sérgio Moro, o governador Casagrande também conversou com outro oponente, o presidenciável Ciro Gomes (PDT).
Chama atenção nesse posicionamento da presidência nacional do PT não ser expresso o mesmo “azedume” em relação à aliança entre o seu partido e o PDT de Ciro Gomes, no estado do Ceará. Sabe-se, publicamente, o quanto o Ferreira Gomes tem atacado violentamente a maior liderança nacional petista, Luís Inácio Lula da Silva, e a toda agremiação com seus militantes e simpatizantes, humilhando-os dia após dia. É público, e de longa data, que Ciro Gomes decidiu aprofundar uma nítida posição política de direita, buscando reavivar a “narrativa da corrupção e do antipetismo”, construída pelos operadores do Golpe – como Sérgio Moro e a Globo – executando sistematicamente disparos com ofensas levianas e afirmando taxativamente em revista de circulação nacional que “usará a campanha eleitoral para dizer ao país que Lula adotou a corrupção como método para governar o Brasil quando se elegeu em 2002”. (https://veja.abril.com.br/blog/radar/lula-levou-a-corrupcao-para-o-centro-do-poder-diz-ciro-gomes/).
Recentemente, apresentando evidente descontrole emocional, exibindo um sectarismo raivoso e atentando contra a verdade dos fatos, para atender inescrupulosamente aos seus interesses eleitorais, num claro desrespeito à cidadania brasileira, no dia 21 de janeiro atacou não somente o Presidente Lula, mas a Imprensa em geral na pessoa do jornalista Luís Costa Pinto, editor-chefe da empresa jornalística Brasil 247, afirmando que aquele órgão de comunicação social “é um panfleto do Lula mantido com dinheiro sujo”.
O que causa grande estranheza, e decepção, na militância petista, e em seus simpatizantes, do estado do Ceará, é o fato de estes ataques insanos e aviltantes contra o Partido dos Trabalhadores e contra Lula não provocar o mesmo “azedume” na Executiva Nacional do partido, a qual se mantém em silêncio diante destas agressões, aceitando-as passivamente, sem capacidade de reação. O que estaria ocorrendo, afinal? No Ceará, é possível servir a dois senhores?
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