Dois Brasis

"Ou seja, esses dois Brasis que convivem como dois universos paralelos precisam se encontrar num ponto imaginário no infinito.", escreve Miguel Paiva



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Acho que existem dois Brasis. Um ideal, que segue a constituição, que se acha e se sente democrático, que tenta crescer seguindo as regras da sociedade e que passa por enormes dificuldades econômicas e sociais, mas faz referência o tempo todo a essas regras da democracia.

O outro Brasil é um país que surgiu com a eleição de Bolsonaro. Não é que ele não existisse, mas estava ali, guardado numa gaveta desde os tempos do Império, esperando que ela fosse aberta. E foi. Bolsonaro com seu estilo e ideologia de governar quer ver aquele outro Brasil destruído. Quer fortalecer o seu país que odeia os políticos, acha que a esquerda é coisa do demônio e o povo o elemento fundamental para fazer os ricos ficarem mais ricos e ele, o presidente, poder exercer seu populismo e sua demagogia.

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O Brasil, o democrático é por si só, ingênuo e crédulo porque a  democracia pressupõe isso. Acreditar nas instituições e nos processos constitucionais. O outro Brasil não acredita em nada disso, pelo contrário. Se constrói com a mentira que quase nunca é desmentida, que vive de intrigas, insultos, demonizações, destruição e desmonte do que a duras penas conseguimos construir. Isso inclui a cultura, a educação e o desenvolvimento social. Esse segundo Brasil é um Brasil da violência, que quer armar o cidadão para se defender deste mesmo estado que o protege. 

O outro Brasil sabe a importância que o Estado tem e não usa a mentira como discurso, principalmente sobre isso. Nessa luta vence a versão mais espetacular, aquela que cai como uma luva nos desejos dessa população sem escola e sem futuro, uma população que cada vez mais é abandonada e espoliada do que tem enquanto cultura e herança social. Nada disso importa. A mentira e a falta de projetos de verdade vão estabelecendo esses alicerces em quem já está quase caindo na história da demonização dos políticos. 

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Um país sem políticos é um país sob o regime fascista, onde as decisões passam por cima de uma sociedade, com seus grupos diferenciados, suas minorias, suas variações de gênero e classe social. Os indígenas devem passar por um processo “civilizatório” completamente distorcido que não reconhece as características de cada povo e que esconde uma finalidade de exploração econômica de suas terras. As mulheres devem voltar para o lugar de onde nunca deveriam ter saído, os mais fortes devem dominar os mais fracos e quem quiser que cuide do que é seu. 

O mérito do sucesso está aí para ser usado por quem chegar primeiro, mesmo que seja de carro ou de Uber. Quem pega transporte público tem que aguardar a vez na fila e as cotas estão chegando ao fim.

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Ou seja, esses dois Brasis que convivem como dois universos paralelos precisam se encontrar num ponto imaginário no infinito. Talvez em outubro, num ponto mais real que vai recolocar os caminhos no rumo certo. Se queremos uma sociedade baseada na mentira e nos princípios da barbárie ou se queremos realmente batalhar por um país que tem tudo para dar de volta o merecido a quem trabalha. Eu prefiro esse país. É mais difícil, mas é de verdade.

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