Doe um livro neste Natal!

O livro foi particularmente atingido por ser o maior depositário do saber

(Foto: Divulgação/Fenae)


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Estamos vivendo os últimos dias da mais longa e tenebrosa noite onde imperou o obscurantismo desde que o Brasil se tornou uma Nação independente. Nem no império apesar do monopólio do poder, agiram as autoridades centrais de forma tão odiosa contra a arte, a cultura, a educação brasileiras. Tudo foi feito pelo desgoverno federal e seus prepostos em estados e municípios, para que a arte, a cultura e a educação não tivessem vez, apoio, incentivo. A perseguição e a censura ao livro, ao teatro, ao cinema, à música, à criatividade de nosso povo nos sertões, nas periferias urbanas e nas matas amazônicas e pantaneiras, foram precedidas das campanhas de ódio, de intolerância religiosa e da difusão de todos os tipos de fobias, acompanhados da precarização das universidades e do ensino públicos.

O livro foi particularmente atingido por ser o maior depositário do saber. Abaixo a inteligência, viva a ignorância! é a palavra de ordem ainda dominante nesse tempo de ódio. A resistência popular e muitas decisões da justiça impediram algumas das mais criminosas iniciativas, como a censura homofónica do prefeito Crivella à Bienal do Livro do Rio em 2019, e a tentativa de fazer fogueiras de nossa mais expressiva literatura, pela secretaria de “Educação” do governo de Rondônia. Mas não conseguimos impedir que teatros fossem vítimas de atentados terroristas, religiões de matriz africana sofressem de intolerância, dezenas de bibliotecas públicas fossem fechadas, enquanto centenas de clubes de tiro eram abertos. E a universidade pública chegasse à beira do desaparecimento.Bem disse o presidente Lula em seu primeiro discurso após eleito: “O povo brasileiro quer livros em vez de armas”. Esta é a consigna que se coloca a partir desse ano novo e desta Nova Era que se anuncia. Precisamos recuperar o tempo perdido em que a arte, a cultura e a educação têm sido perseguidas. Precisamos deixar florir mil flores, se entre elas desabrochar alguma erva daninha, cada um saberá como combater seis efeitos maléficos, sem medo de ser feliz!

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Estamos próximos ao Natal e ao fim do tempo da barbárie. Por sinal será o primeiro Natal pós-pandemia do Coronavírus que nos isolou a todos e foi tratada pelo desgoverno com descaso e zombaria das centenas de milhares de mortes. A pandemia está chegando ao fim, embora não se extinguiu de todo, mal tratada, insiste em permanecer, mas já possuímos um pouco mais de liberdade, em duplo sentido, para confraternizar a nova era. 

O Natal e o Ano Novo simbolizam momentos de confraternização universal e os povos criaram o costumes de presentear seus amigos, seus entes queridos nessas datas. Então é o momento para nós, de realçar a cultura em seus múltiplos aspectos, e nada melhor que o livro, instrumento de todas as artes, ferramenta de formação, da informação e do lazer. O livro alcança a criança começando a lhe formar, ajudando a criar os primeiros sonhos. Passa pelos jovens e adultos a ensiná-los e permitir suas viagens por todo o imenso universo, permite aos que já viveram muito renovar suas esperanças e seus sonhos. O livro é universal, seja ele o físico de papel – não mais os blocos de barro da escrita cuneiforme –, seja em sua nova forma digital: é sempre um livro!

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Sabemos que muitos, tristemente milhões, precisam de alimento para mitigar a fome. Essa é uma outra e bela campanha do saudoso Betinho, o irmão de Henfil, NATAL SEM FOME. Mas que nunca precisa atuar, nestes temos sombrios em que o Brasil voltou ao mapa da fome. Mas as campanhas não se excluem, se complementam.

Uma campanha DOE UM LIVRO NESTE NATAL tem um profundo significado político, é como a voz dos brasileiros ecoando: o obscurantismo dominante não obscureceu nossas mentes; continuamos a amar a educação, o saber, a ciência, a tecnologia, o livro, este depositário do saber universal.

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A campanha deve abranger a todos, em especial aqueles que trabalham a cadeia produtiva da educação, da cultura, do livro. Os professores em suas cátedras, os jornalistas em seus jornais, revistas, sites, blogs. Os escritores, poetas, ensaístas, cronistas, em suas redes sociais. As academias e associações de livros e letras, incentivando seus pares à ação. As editoras em suas campanhas de marketing, e as livrarias e sites especializados nas suas prateleiras e suas páginas virtuais. Todos juntos: vamos nos armar de livros, para nos livrar das armas!

Cabe mil e uma inciativas nesta campanha, desde selos e marcas decorativas, a promoções com descontos nos preços do livro. E cada um deve indicar os livros de sua preferência, sugerir um título, ou uma lista deles. Começo por mim. Poderia indicar dezenas de livros que me formaram e me enlevaram em sonhos. Mas fico num pequena lista, apenas cinco títulos: dois livros de amor ao livro; dois que simbolizam nossa rica literatura latino-americana atual; um que relembra episódios marcantes da resistência à barbárie:

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  1. O infinito em um junco: a invenção dos livros no mundo antigo - Irene Vallejo - Intrínseca
  2. O mercador de livros - Roberto R Martins - Archimedes Edições
  3. Longa pétala de mar - Isabel Allende - Bertrand Brasil
  4. Como poeira ao vento - Leonardo Padura - Boitempo
  5. A política contra o vírus: bastidores da CPI da Covid - Randolfe Rodrigues e Humberto Costa - Companhia das Letras

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