“Diziam que não tinha crime”: “Folha” e “The Intercept” desmascaram delação que condenou Lula
O jornalistya Alex Solnik afirma que "não é mais possível colocar em dúvida a autenticidade das mensagens reveladas, dada a riqueza de detalhes que apresentam das conversas" e nem ignorar a gravidade das manipulações na delação de Léo Pinheiro que fundamentou a condenação de Lula
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Por Alex Solnik, do Jornalistas pela Democracia - Novas revelações de diálogos entre integrantes da força-tarefa da Lava Jato mostram que o juiz Sérgio Moro não apenas colaborou ativamente com a acusação, violando o código de processo penal, mas aceitou como prova para condenar o ex-presidente Lula a 10 anos de prisão delação suspeita do presidente da OAS, Léo Pinheiro, que afirmou, na primeira versão não ter havido crime no caso do tríplex do Guarujá. E até vazou para a “Veja” informações falsas que não estavam na delação.
“Tinha isso de conta clandestina de Lula”?, pergunta a procuradora Anna Carolina, a 26 de agosto de 2016, no grupo do Telegram da força-tarefa da Lava Jato, depois de a “Veja” publicar suposta informação vazada por advogados da OAS de um novo anexo da delação do presidente da empresa, Léo Pinheiro, segundo o qual haveria uma conta secreta que abastecia o ex-presidente Lula. “Esses Advs não valem nada” completa.
“Não que eu me lembre” responde a procuradora Jerusa.
“Também não lembro, creio que não há” diz o procurador Ronaldo. “Sobre o Lula eles não querem trazer nem o apt. Guarujá. Diziam que não tinha crime. Nunca falaram de conta”.
No dia seguinte, 27 de agosto, Anna Carolina diz: “Li a reportagem e ela tenho quase certeza que ela está fidedigna. Só não achei a parte da conta. Talvez tenha sido mais um estelionato contra o leitor. Tá no título mas não está no conteúdo”. “Foi o que pensei tb.”, responde Jerusa “Pq não houve menção a essa conta”.
A delação a respeito do sítio de Atibaia também é contestada:
“A primeira notícia de versão de LP (Léo Pinheiro) sobre o sitio já é bem contrária ao que apuramos aqui” disse Paulo Roberto Galvão em março de 2016.
“Tem que prender Léo Pinheiro. Eles falam pouco” diz Januário Paludo. “Me parece que não está valendo a pena”.
Na reportagem realizada a partir da análise de mensagens obtidas por “The Intercept” e publicada na edição de hoje, a “Folha” afirma que “uma pessoa que acompanhou as conversas da OAS com a Lava Jato na época disse à Folha que inicialmente Léo Pinheiro descreveu o tríplex como um presente que oferecera a Lula sem pedir nada em troca. Segundo essa pessoa, a insatisfação dos procuradores levou a mudar sua versão pelo menos duas vezes até chegar àquela adotada em 2017”.
Léo Pinheiro apresentou a versão que incriminou Lula em abril de 2017, mais de um ano depois do início das negociações com a força-tarefa.
Não é mais possível colocar em dúvida a autenticidade das mensagens reveladas, dada a riqueza de detalhes que apresentam das conversas, inclusive palavras abreviadas, impossíveis de serem imaginadas pelo mais competente novelista do mundo.
Nem ignorar a gravidade das manipulações na delação de Léo Pinheiro que fundamentou a condenação de Lula.
Torna-se cada vez mais urgente, a bem da preservação do estado democrático de direito anular esse julgamento viciado e libertar Lula o quanto antes.
Quem se opuser, depois dessas revelações, à libertação do ex-presidente mostrará desprezo aos mais comezinhos princípios dos direitos inscritos na constituição brasileira.
Será, portanto, um autoproclamado inimigo da democracia.
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