Disputei eleição a vereador para estimular resistência da esquerda
A minha candidatura continua fazendo história e trabalhando pela democracia, ao estimular as pessoas a saírem do imobilismo, da zona de conforto e assumirem suas responsabilidades como cidadãs e cidadãos
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Chegamos ao fim da campanha eleitoral em primeiro turno. Para os candidatos a vereador, a eleição termina aqui (no próximo domingo). Para os municípios cujos candidatos a prefeito não obtiverem mais da metade dos votos válidos, a campanha eleitoral continua até o fim do mês que vem.
Neste texto, porém, não tratarei da eleição a prefeito. O assunto, desta vez, é a minha candidatura a vereador de São Paulo pelo PC do B.
Criei este Blog em 2005 e nunca, jamais o usei em benefício pessoal. Não criei este espaço para ganhar dinheiro ou para me eleger. O Blog da Cidadania foi criado para estimular as pessoas a tomarem atitude contra o que julgam que está errado.
Nesse aspecto, promovi atos públicos, criei a ONG Movimento dos Sem Mídia, entrei com ações na Justiça. O vídeo abaixo mostra a minha trajetória como pessoa pública.
Em momentos muito mais propícios a uma candidatura, não me candidatei porque sempre disse que política não era a minha “praia”. Em 2012, por exemplo, teria sido muito mais fácil disputar uma cadeira de vereador. Naquele ano, Haddad elegeu consigo uma bela bancada de vereadores.
Então por que resolvi me candidatar justamente no momento em que me eleger promete ser bem mais difícil, já que a esquerda foi muito afetada pela guerra declarada contra si pela mídia, pelo Judiciário, pelo Ministério Público e pela Polícia Federal?
Simples: por que era preciso estimular a esquerda a não se encolher, a não desistir, a continuar lutando pela volta da democracia. Ao me candidatar em momento tão adverso, expondo-me, gastando dinheiro, fazendo dívidas em um momento em que a esquerda está desanimada e, assim, está deixando seus candidatos à mingua, foi mais um ato de cidadania deste que escreve.
A luta para estimular a esquerda a não se prostrar ainda mais e entregar minha cidade de mão beijada à direita foi uma luta desigual. Sem dinheiro, o horário eleitoral gratuito na televisão poderia me ajudar, mas, por disputar por um partido pequeno, tive 4 segundos para dar meu recado.
Antes de prosseguir, quero dizer que acho um absurdo dar 4 segundos para um candidato pedir voto. Deveria haver um piso. É quase impossível dizer qualquer coisa relevante em tão pouco tempo. Dessa forma, optei pela criatividade e dei um recado político na TV e no rádio.
Também procurei defender ideias e propostas. Com a ajuda de voluntários, que trabalharam de graça na minha campanha só por acreditarem em mim, produzi um excelente mini documentário sobre o programa De Braços Abertos, que recupera viciados em crack.
Minha proposta para a cidade é que o programa De Braços Abertos seja estendido à população em situação de rua em geral. Qual é a diferença entre um viciado em crack e um viciado em álcool ou alguém com problemas mentais?
Enfim, fiz o que pude para conduzir uma campanha séria, mas, claro, sem grandes pretensões.
Apesar da mudança na legislação eleitoral, dinheiro ainda pesa muito e, nesse contexto, os políticos profissionais obviamente que conseguem arrecadar muito mais dinheiro porque têm acordos.
Em um cenário de aversão das pessoas a fazerem doações eleitorais, há candidatos a vereador que arrecadaram cem, duzentos mil reais no meu partido. Nos partidos de direita, há candidatos a vereador que arrecadaram um, dois milhões de reais…
Entrei nessa campanha sem grandes pretensões e, ainda, assim, obtive apoios que jamais pensei que obteria.
Diante de tudo, das dificuldades todas para estrear na política, acho que consegui bem mais do que imaginei que seria possível. Não faço a menor ideia de quantos votos obterei. Não tive recursos sequer para contratar panfleteiros.
Alguns amigos e familiares me ajudaram a distribuir panfletos no que foi possível, mas ainda sobrará uma quantidade imensa do material de campanha doado pelo PC do B. Diante das dificuldades estruturais da minha campanha e do momento difícil para a esquerda, portanto, sinto que fiz muito mais do que jamais imaginei que conseguiria.
Se vou me eleger? Acho que, sendo um candidato baseado na internet, essa máquina louca que tantos feitos surpreendentes já produziu, tudo é possível. Mas a lógica eleitoral é a de que, sem dinheiro, ninguém vence eleições – e, nesse aspecto, fiz uma campanha sem dinheiro algum.
Não ficarei surpreso se tiver poucos votos. Se tiver uma votação média, não ficarei surpreso, mas vou comemorar muito. Vou me sentir um mago do marketing político. Agora, se eu me eleger vereador sem ter tido praticamente nenhum dinheiro, sem ser celebridade, sem ter experiência, meu risco será o de enfartar de tanta emoção.
Finalizo estas considerações, pois, agradecendo a todos e a todas que me apoiaram, fizeram pequenas doações, dispuseram-se a trabalhar pela minha candidatura na internet e nas ruas. Fiquei emocionado, grato e esperançoso.
Estou certo de que, com a minha candidatura, estimulei muitos a saírem da prostração e a lutarem para barrar – ou ao menos reduzir – a vitória da direita fascista de São Paulo. Essa é a minha intenção desde que criei este Blog, em 2005.
Nos últimos 11 anos, surgiram centenas de blogs políticos, movimentos sociais contra a hegemonia da mídia conservadora sucederam o Movimentos dos Sem Mídia – que criei em 2007 – e muitos seguiram o caminho que iniciei, de fazer protestos contra a mídia, representações etc.
Este Blog, com a minha candidatura, continua fazendo história e trabalhando pela democracia, ao estimular as pessoas a saírem do imobilismo, da zona de conforto e assumirem suas responsabilidades como cidadãs e cidadãos. E tudo isso só tem sido possível graças a você, que frequenta esta página.
Veja vídeos aqui.
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