Disputas geopolíticas
Os países não têm amigos ou inimigos. Tem interesses econômicos, estratégicos ou geopolíticos
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Tenho mantido uma amistosa e respeitosa discussão com alguns amigos e colegas sobre o conflito russo-ucraniano. Quero dizer, de saída, que não nutro nenhum tipo de simpatia pelo ex-funcionário da KGB e seu estilo imperial, autocrático e violento de governar. Infelizmente nos conflitos bélicos regionais e internacionais, a simpatia ou a antipatia não funcionam como método ou teoria para entender a realidade conflituosa dos nossos dias. Poderia começar dizendo que os países não têm amigos ou inimigos.Tem interesses econômicos, estratégicos ou geopolíticos.
Daí porque o direito internacional e as organizações internacionais sempre estarão submetidos a uma grande limitação prática enquanto a ordem mundial basear-se no protagonismo dos estados-nação individualmente e na supremacia política-militar das nações mais fortes. O direito será ditado pelos interesses dos mais fortes. Vem daí a fraqueza das instituições e seus fóruns. Cumpre-se o que se quer. O que for conveniente. Só os países fracos e pobres obedecem as resoluções da ONU e o direito internacional. Os fortes obedecem ao primado da luta pela sobrevivência e a efetivação de seus interesses (Israel, os EUA.)
As organizações internacionais que temos são remanescentes da ordem dos vencedores da Segunda Guerra Mundial, a começar do ilegal tribunal de Nuremberg - firmado pelos vencedores da guerra. Enquanto não forem modificados restaram impotentes e desmoralizados pelas grandes e médias potências.
E o que dizer da OTAN? Organização Militar do Atlântico Norte? - essa é fruto do leste europeu e do Pacto de Varsóvia, sob o comando da ex-União Soviética. Mas acabou-se o Pacto de Varsóvia e o leste comunista europeu e a União Soviética. Para que serve a OTAN?
Para os americanos INTERFERIREM na política externa da União Europeia. Como fizeram com a agenda de guerra ao terror, levando o ISIS a fazer atentados na Espanha, na França etc. Os intelectuais europeus (Derrida, Habermas) lançaram um manifesto pedindo uma política externa independente para a União Europeia. Foram sabotados pelos aliados dos americanos (ingleses, italianos). Resultado: continua a hegemonia americana na política externa europeia.
Quanto à Rússia, os problemas das nacionalidades do ex-império soviético são crônicos. Deita raízes na forma como se deu a agregação desses povos ao grande país soviético. Rosa Luxemburgo já tinha advertido Lênin que isso traria problemas chauvinistas, racistas e nacionalistas mais à frente. Estamos assistindo a revanche desses interesses no momento. A posição imperial autoritária de Putin - o maior fornecedor de gás natural para a Europa, em troca de alimentos - tem uma motivação econômica e geopolítica. Depois do 11 de setembro e as invasões do Iraque e Afeganistão, a bola da vez é a Ásia. Central e suas ricas jazidas de gás natural não exploradas.
O conto da carochinha da "grande potência do Norte" benigna que, conhecida por suas responsabilidades globais, vai salvar o mundo das garras do comunismo ateu e dissolvendo não pega mais.
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