Discurso de Tsipras ensina uma velha lição
O primeiro-ministro grego não vende felicidade ou irrealismo. Esclarece que considera o pacto com a União Europeia, em boa medida, lesivo aos interesses nacionais
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Concordando-se ou não com a posição do primeiro-ministro grego, chama atenção seu discurso político.
Ao contrário da tradição demagógica, que infesta também círculos de esquerda em vários cantos do mundo, Tsipras não edulcora o acordo que defendeu diante do Syriza e do parlamento de seu país.
Denuncia que foi chantageado.
Esclarece que considera o pacto com a União Europeia, em boa medida, lesivo aos interesses nacionais e dos trabalhadores.
Relata que bateu à porta dos Estados Unidos, Rússia e China em busca de alternativas, mas não encontrou apoio.
Destaca claramente que a escolha é entre a rendição sob condições ou o colapso político-econômico, identificando os inimigos que combate e sua natureza.
Não transforma necessidade em virtude, como se o acordo fosse algum capítulo harmônico à estratégia de desenvolvimento traçada por seu partido.
Não vende felicidade ou irrealismo.
Pinta o quadro com todas as suas cores, em um esforço notável para informar e educar militantes e cidadãos que até agora marcharam ao seu lado.
Tsipras pode estar certo ou errado. Mas revela-se um discípulo da velha lição de Gramsci, que horroriza os defensores de substituir a política pelo marketing: apenas a verdade é revolucionária.
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