Direitos humanos: a resistência dos empobrecidos

O descaso com a vida das pessoas, o vexame do enfrentamento à pandemia, o mau exemplo do governante, a falta de um plano de vacinação, as mortes e o aumento diário delas são prova de que direitos humanos nunca estiveram na pauta dos inimigos que estão no poder



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Para celebrar o Dia Internacional dos Direitos Humanos no Brasil, neste 10/12/2020, é preciso afirmar a existência e a resistência dos empobrecidos. Os assassinatos dos negros, desde crianças até idosos, negligenciados pelo Estado, não podem ser esquecidos por nós. 

As meninas Rebeca e Emilly são mais um número na estatística bruta de um país que nega a ciência, faz apologia às armas e ao ódio, proclama aos quatro ventos que negros são inferiores e que as oportunidades são para todos, mas só as alcançam os que fazem por onde.

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Os mil e dois dias sem respostas para o assassinato de Marielle Franco e Anderson Gomes não recebem a menor atenção. A morte do João Alberto no pátio do Carrefour, o espancamento de garotos uberizados nas bicicletas do Itaú são anunciados hoje e esquecidos amanhã por outros crimes que nos comoverão por mais 24 horas até que outros os sucedam.

A narrativa da democracia racial alardeada nos meios de comunicação e nas ideologias passadas com primor para nosso povo precisam encontrar resistência neste 10 de dezembro para valer a vida, para valer a luta pelos direitos humanos. 

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O racismo é estrutural e institucional, o machismo e a homofobia têm matado muita gente e é preciso existir e resistir a eles. Movimentos como “parem de nos matar”, “vidas negras importam”, “é pela vida das mulheres”, “favelação”, “portal das favelas”, “redes da maré”, “voz do Lins de Vasconcelos”, pastoral de favelas” “fórum estadual de população em situação de rua”, “conselho popular de moradia”, “observatório carioca da pandemia” e tantos outros devem ser o nosso chão, o nosso quilombo, a nossa bandeira de luta.

Pensando no Rio de Janeiro, é preciso afirmar que depois de quatro anos de apagão na administração pública, devemos vigiar para que a conta não seja novamente colocada sobre os ombros dos mais empobrecidos, pela governança que assumirá em primeiro de janeiro de 2021. 

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Outro dia fui falar dos dados da cidade e uma pessoa que assumirá papel importante na prefeitura me disse que já sabe de todos esses dados. Eu afirmei e continuarei afirmando que a desigualdade no Rio não precisava ser tão gritante: são 700 favelas onde moram mais de um milhão e meio de pessoas violadas em seus direitos, sem um programa efetivo e continuado de urbanização; são 17 mil pessoas nas ruas e uma rede de proteção capenga que os tem levado à morte, literalmente, como o caso do Carlos Eduardo, morto e coberto por um plástico preto dentro de uma padaria na zona sul, que continuou normalmente atendendo seus clientes com o corpo estendido ali no chão; são 350 mil famílias sem moradia e o absurdo de vazios urbanos desocupados e a ausência de um plano municipal de habitação de interesse social; são mais de 70 mil trabalhadores camelôs que vivem sob a ameaça de que a GM possa ter armas letais na cintura que os torne vítimas; são cerca de 800 mil pessoas desempregadas e uma multidão de jovens levando comida pra lá e pra cá, uberizados, recebendo R$3,40 por cada lanche ou almoço entregue.

O descaso com a vida das pessoas, o vexame do enfrentamento à pandemia, o mau exemplo do governante, a falta de um plano de vacinação, as mortes e o aumento diário delas são prova de que direitos humanos nunca estiveram na pauta dos inimigos que estão no poder.

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Hoje é dia de luta pelos Direitos Humanos e amanhã será o dia de celebrar a vitória. Eu sei que ela virá, porque o amor há de vencer o ódio, a vida suplantará a morte e os inimigos serão apeados do poder. 

“Pão em todas as mesas, da páscoa nova, a certeza, a festa haverá e o povo a cantar...”

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“Vem vamos embora que esperar não e saber, quem sabe faz a hora não espera acontecer”.

Viva a luta dos direitos humanos. Pobres da terra, levantemo-nos!

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