Dilma merece que redobremos a aposta

Segue a luta para que este pacote seja a transição para a retomada do programa eleito nas urnas, o que, em todas as declarações, Dilma diz não ter abandonado. E, como Lula pediu, houve afrouxamento no ajuste



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Vamos lá, justiça há de ser feita.

O governo reagiu, não promoveu cortes para além dos ministérios. Estes, por sua vez, não indicam suprimir pastas simbólicas essenciais para as conquistas dos últimos 13 anos como Mulheres ou Igualdade Racial. E as fusões ocorrerão dentro de uma lógica de gestão coerente com o projeto aprovado pelas urnas, como a noticiada, via imprensa, de junção da Previdência com o Trabalho ou Desenvolvimento Agrário com Desenvolvimento Social e Combate à Fome (quem vai dizer que a segurança alimentar não está ligada à agricultura familiar?).

Neste caso, o sinal não é sacrificar políticas, direitos e serviços públicos no altar da Austeridade, mas de compactá-los estrategicamente dentro de um cenário onde o governo optou por dar o exemplo à sociedade, chamada a fazer esforços nesta dura travessia criada, sim, em parte, por erros políticos, mas, sobretudo por fatores da crise "capetalista".

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Ainda sobre a união Previdência e Trabalho, isso possui uma forte mensagem política, de resgate do antigo papel do MTE, de ser o braço da concertação política com o movimento sindical e o mundo do trabalho.

Encontrou-se um financiamento adequado para os desafios da Previdência, por meio do retorno, planejado e datado no tempo, do imposto mais conceitualmente correto já criado, a CPMF, que impede a sonegação, fonte de rombos ao erário protagonizados por multimilionários.

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A maior preocupação, o Minha Casa Minha Vida III, não só por seu viés de moradias populares imediato, mas também como investimento em infraestrutura social que alimenta a geração de emprego, renda, ambiente negócios favoráveis a estes dois, foi preservada e incorporando as propostas do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST), de Guilherme Boulos. Mais do que isso, foi assegurada uma fonte de financiamento, o FGTS, que nada mais é do que a poupança dos trabalhadores. Nada mais correto e justo, portanto, que financie habitação para esta classe social.

Se é correto ao MTST seguir lutando para que o acordado vire execução, isso é mais para impedir gracejos dos rentistas e fiscalistas do que outra coisa. E isso ajuda o governo.

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Há um imbróglio com os servidores, mas os concursos autorizados não serão suspensos, ou seja: segue-se a construção da burocracia necessária para dar suporte às transformações desejadas na transição do "o ajuste fiscal" ao "não é um fim em si mesmo". E o objetivo é aliviar a previdência e reestruturar a profissionalização do serviço público. O reajuste acordado com a categoria, embora adiado pontualmente, será cumprido. Um esforço contrabalanceado pela taxação do "andar de cima", com mais tributos sobre operações de venda acima de 1 milhão, distinto de ampliar a alíquota do IR para 4.000 reais, que alcançaria não só os ricaços, mas a classe média (a velha e a dita "nova").

Segue a luta para que este pacote seja a transição para a retomada do programa eleito nas urnas, o que, em todas as declarações, Dilma diz não ter abandonado. E, como Lula pediu, houve afrouxamento no ajuste.

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Em suma, encontrou-se uma maneira para cobrir o déficit orçamentário. Agora, a decisão de explicitá-lo ao Congresso fez todo o sentido, vide a reunião com os governadores e a declaração de apoio dos principais partidos da base, que se comprometeram a encontrar soluções e, consequentemente, afastam, novamente, a pauta do Impeachment, permitindo um fôlego para acumular forças. Quem sabe para costurar a outra parte da Agenda Brasil, aquela em que os eleitores da presidenta também se enxerguem. É evidente que se engrena a coesão parlamentar e institucional.

Esta cobertura é muito importante para o País recuperar credibilidade junto aos mercados. Não como profissão de fé e destino manifesto, mas, sobretudo, também como fôlego para travar as disputas necessárias do nosso tempo.

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Com 7% de popularidade, comprar uma briga frontal, dando cavalo-de-pau sem criar condições para peitar o status quo do sistema financeiro, que manda e desmanda no planeta, seria "a mais sinistra traição", parafraseando Lenin - ao usar a mesma expressão - ante as propostas de uma guerra revolucionária contra as potências da Primeira Guerra sem a Rússia bolchevique possuir sequer uma infraestrutura de ferrovias.

A mão foi estendida. Vamos redobrar a aposta, sem perder o juízo crítico, a capacidade propositiva e a base social.

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Dilma, por sua história, pelo que foi seu protagonismo nas últimas eleições, merece. Com calma, vai saindo a "intervenção militar".

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