Dignidade não se compra

Na conjuntura das “fake news”, por baixo do pano, vale tudo. Às claras, dá-se a cara a tapa. O mesmo se passa no capítulo das difamações. Aliás, na Justiça, fizeram o lawfare, algo de semelhante. Condenaram o ex-Presidente Lula sem provas e o alcunharam de corrupto. O tempo e a consciência, fazendo-se presentes, demonstram a força dos fatos

(Foto: Agência Brasil)


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Uma das características mais estarrecedoras do atual momento político da sociedade brasileira, entre as distorções que temos presenciado, diz respeito ao uso e abuso das novas formas de comunicação, como se cada cidadão dispusesse, de repente, de um jornal a seu dispor. As chamadas “fake news” é aí que se ancoram. Na CPI da Covid-19, na sessão dedicada ao Sr. Otávio Kafhoury, chamou a atenção o tamanho das distorções, com a difamação de nomes e a veiculação de inverdades, a ponto de escandalizar espíritos serenos. Aquele rapaz de boa família, educado nas melhores escolas, com estágio nos Estados Unidos, rico, dono de recursos para fazer o bem e o mal, como se lhe aprouvesse, deu-se à pachorra de ofender, difamar e queimar nomes e imagens como se estivesse acima da lei. Valeu-se dos seus sistemas de internet (não lhe faltando meios) para difundir falsidades a torto e a direito, sem se preocupar com a verdade ou com a dignidade das pessoas. Uma de suas vítimas, o Senador Fabiano Comparato se colocou à sua frente, não para pedir explicações, o que seria perfeitamente cabível, mas para confrontar a sua dignidade com a do acusador. O rapaz se viu em maus lençóis. Se a seu lado houvesse um buraco, dava a impressão de que se meteria nele para não mais sair. Por uma vez na vida, aprendeu, talvez, que dignidade não se compra.

A sessão da CPI serviu para estampar aos olhos da nação um tipo de organização da extrema direita, à qual não faltam riquezas, para financiar e comprar indivíduos e adesões. Um tipo de crueldade sobre a qual os tribunais ainda não se debruçaram (ou começam a fazê-lo pelas dimensões da novidade). Isso por que, quando se une difamação e condições financeiras, sem que a moral fiscalize ou aprove, passamos a conhecer a ausência de ética em proporções aviltantes. Felizmente, algumas instituições dizem a que vêm, como é o caso da CPI e, nela, do Senador Fabiano Comparato. Este, bem sucedido em seus vários campos de atuação, inclusive no terreno da família, com um casal de filhos adotados, não se intimidaria – e não se intimidou – frente a um jovem de São Paulo, de terno e gravata, mimado e irresponsável. Mostrou quem era. Endinheirado, o Sr. Otávio Fakhoury parecia habituado a se valer de seus aportes abundantes para sair de situações difíceis, quem sabe até com a ajuda de gente empistolada. De perfil baixo, pouco faltando para o choro (imaginava, por certo, a cena acompanhada de casa pela televisão, com seus filhos!), pediu desculpas. Aquele colegiado de pessoas respeitáveis (o Senado Federal!) compreendeu do que ali se tratava. Homenageou Fabiano Comparato atribuindo-lhe a presidência da sessão e, em seguida, se solidarizou, em peso, com ele. Recorrer à pecha de homossexual, como o garoto fez, talvez funcionasse entre os seus pares. Ali, não. Há leis sobre o assunto, avanços de que já não se pode ignorar. As desculpas, no caso, caíram no vazio, mornas, beirando ao ridículo, como realmente sugeriam. Os filhos do Senador Comparato, por seu turno, viram por que e como podem se orgulhar de seu pai. 

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Na conjuntura das “fake news”, por baixo do pano, vale tudo. Às claras, dá-se a cara a tapa. O mesmo se passa no capítulo das difamações. Aliás, na Justiça, fizeram o lawfare, algo de semelhante. Condenaram o ex-Presidente Lula sem provas e o alcunharam de corrupto. O tempo e a consciência, fazendo-se presentes, demonstram a força dos fatos. Isto porque a mentira traz a mentira e a indignidade prevalece. Machiavel sabia disso. Que os ratos se acautelem. Não será possível pintá-los de verde e amarelo. Como se disse, dignidade não se compra.

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