Dias de agonia

"Bruno e Dom desapareceram – ou foram desaparecidos – no dia cinco de junho. Chegamos a dez dias e nada de informação. São dias de tensão", diz Eric Nepomuceno

Bruno Pereira e Dom Philips
Bruno Pereira e Dom Philips (Foto: Divulgação/Funai/Arquivo | Reprodução Twitter/@domphillips | Ricardo Lima/Reuters)


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Por Eric Nepomuceno, para o 247 

A absurda lentidão do governo de Jair Messias – e das tais “suas” Forças Armadas – para começar as buscas do indigenista Bruno Araújo Pereira e o jornalista britânico Dom Phillips passa agora a uma nova fase: a angustiante demora, por parte da Polícia Federal, em passar informação concreta sobre o que se sabe até o momento.

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Bruno Pereira e Dom Phillips desapareceram – ou foram desaparecidos – no domingo dia cinco de junho. Pois chegamos a dez dias e nada de informação sobre o que a Polícia Federal sabe. Isso, para não mencionar o que se disse e logo foi destido. 

São dias de tensão para quem acompanha a tragédia e de agonia sem fim para os familiares dos dois.

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Sabemos que no domingo dia 12 foram encontradas, atadas a um tronco submerso, duas mochilas. Uma, com artigos e um documento que eram de Bruno Pereira. A outra, com roupas e um par de botas de Phillips.

Foi dito que na lancha de Amarildo Oliveira, o principal suspeito, foram encontradas manchas de sangue, que tanto podiam ser de algum animal como de algum ser humano. 

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Circulou também a informação de que vísceras tinham sido encontradas nas águas do rio. Agora o que se diz é que foi encontrado “material orgânico”. Que material? 

Quanto tempo é necessário para descobrir se a mancha de sangue é de animal ou ser humano? E, se for sangue humano, quando tempo é necessário para saber se coincide com as amostras da DNA recolhidas de parentes de Bruno e de Dom?

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Tudo isso está passando por um “rigoroso exame” da Polícia Federal desde quinta-feira, dia nove. E agora surgiu a informação oficial de que algo se saberá de concreto “ao longo desta semana”. 

Temos ainda a história de dois cadáveres que teriam sido encontrados. Aliás, a própria embaixada do Brasil em Londres informou isso aos familiares de Dom Phillips.

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Agora não tem cadáver algum.

Jair Messias, que chegou a chamar o indigenista e o jornalista de “aventureiros”, disse haver indícios de que eles sofreram “algum tipo de maldade”. E falou que será “muito difícil encontrar os dois com vida”.

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Aproveitou para, uma vez mais, desancar o ministro Luis Roberto Barroso por ter imposto um prazo para que as autoridades envolvidas no caso apresentem um relatório “com todas as providências adotadas e as informações obtidas”.

Jair Messias alegou que há milhares e milhares de desaparecidos no Brasil, mas que Barroso só se preocupa “com esses dois”.

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Tem razão o desequilibrado ultradireitista radical. Há, sim, milhares e milhares de desaparecidos no país.

Mas dois, e somente dois, que defendiam o meio-ambiente e os direitos dos povos indígenas, desapareceram numa área dominada por criminosos fortemente incentivados pelo mais abjeto presidente da história do Brasil.

Jair Messias é, além de incentivador, cúmplice em mais esse crime. Mais esse.

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