Diálogo protagonizado por Moro é impressionante
Nós ficamos denunciando a implantação do Estado de exceção, mas exceção é o que muita gente quer: a vigência da lei é o problema. Nós construímos nossa plataforma com base no discurso dos direitos, mas os direitos são considerados "privilégios"
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Está na Veja online. Não vou dar o link porque continua sendo a Veja, mas o diálogo protagonizado por Moro é impressionante:
Advogado de Lula: Eu sou obrigado a pedir de novo uma questão de ordem. A questão é muito simples, Vossa Excelência está violando o princípio da ampla defesa, está perguntando à testemunha sobre fatos que não foram objeto da inquirição de hoje e está daí criando a necessidade de novas perguntas por parte da defesa, se vossa excelência permitir, senão fica um desequilíbrio no processo.
Sergio Moro: Tem uma ordem legal, doutor, de oitiva, primeiro Ministério Público, depois defesa e esclarecimentos do juízo.
Advogado de Lula: Mas o juízo só pergunta sobre questões que forem objeto da inquirição e pontos não esclarecidos
Sergio Moro: [levantando a voz] Essa é a posição do juízo, doutor. Neste caso, é o que estou fazendo.
Advogado de Lula: Mas não é a posição do código de processo, é uma coisa que o senhor não pode fazer
Sergio Moro: Como eu presido essa audiência, então eu entendo que eu posso fazer na minha interpretação.
Advogado de Lula: Então fica o protesto da defesa contra o comportamento de Vossa Excelência, que viola o código de processo penal.
Sergio Moro: Na sua interpretação, doutor. Na interpretação correta do código, o juiz pode fazer...
Advogado de Lula: Na interpretação de todos que trabalham com processo penal. Somos professores de processo penal.
Sergio Moro: Tá ótimo então, eu vou seguir com minhas indagações aqui, se a defesa permitir, evidentemente...
Eu acredito que há uma linha de continuidade clara entre o amplo apoio concedido a Moro e seus métodos, que é o apoio à arbitrariedade judicial, e o velho, mas cada vez mais barulhento, discurso do "bandido bom é bandido morto", que é o apoio à arbitrariedade policial.
Nós ficamos denunciando a implantação do Estado de exceção, mas exceção é o que muita gente quer: a vigência da lei é o problema. Nós construímos nossa plataforma com base no discurso dos direitos, mas os direitos são considerados "privilégios".
Disputar esse discurso, sem tréguas, é a tarefa fundamental para que a gente possa ter a esperança de voltar a construir um país um pouquinho mais civilizado e democrático.
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