Dia da Amazônia: mineração de Temer deve impactar meio ambiente de 70% do PIB da América do Sul

Trata-se de uma área de floresta da ordem de 4,7 milhões de hectares, equivalente ao tamanho do Estado do Espírito Santo, que é muito rica sobretudo em ouro, minério de ferro, tântalo, níquel, manganês e outros importantes minerais, que vão cair como mel nos interesses das mineradoras multinacionais

Reserva Nacional de Cobre e Associados (Renca)
Reserva Nacional de Cobre e Associados (Renca) (Foto: Romerito Aquino)


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A Amazônia comemora nesta terça-feira, 5 de setembro, mais um dia nada agradável em sua existência, que vem sendo ameaçada de forma crescente pelo desmatamento, queimadas, avanços da soja e da pecuária, criação de grandes hidrelétricas e, agora, pelo avanço da mineração, que está sendo liberada em sua parte brasileira pelo governo ilegítimo e totalmente impopular do presidente Michel Temer.

Sob o protesto de entidades ambientalistas do mundo inteiro, que condenam a irresponsabilidade do governo brasileiro de não conter a devastação, que ameaça a maior, a mais rica e a mais bonita floresta tropical do planeta, a Amazônia chega nesse 5 de setembro ainda mais ameaçada em seu papel fundamental de equilibrista ambiental da Terra e do regime de chuvas de toda a América Latina.

Afinal, o que está em jogo é a integralidade dos percentuais que a região representa no contexto da fauna e da flora mundial, pois apresentam 30 mil espécies diferentes de plantas, 400 espécies de mamíferos, 1.300 espécies de pássaros e cerca de 3 mil espécies de peixes, além, claro, da quinta parte da água doce da Terra e da propriedade dos 10 maiores rios do planeta.

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Grande parte de tudo isso, no entanto, está ameaçado caso o governo Temer consiga levar em frente seu plano de regulamentar a mineração na Amazônia. As pesquisadoras Carolina da Silveira Bueno e Thais Bannwart, respectivamente, doutoranda e mestranda da Unicamp, escreveram artigo na revista Carta Capital mostrando a real dimensão da tragédia socioambiental se a Reserva Nacional de Cobre e Seus Associados (Renca) for aberta à exploração pelas grandes companhias mineradoras mundiais.

Afinal, trata-se de uma área de floresta da ordem de 4,7 milhões de hectares, equivalente ao tamanho do Estado do Espírito Santo, que é muito rica sobretudo em ouro, minério de ferro, tântalo, níquel, manganês e outros importantes minerais, que vão cair como mel nos interesses das mineradoras multinacionais.

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"O desequilíbrio socioambiental que será provocado se mineradoras privadas forem explorar essa região trará consequências catastróficas irrefutáveis", ressaltam as pesquisadoras, ao lembrarem que a floresta amazônica constitui um ecossistema de importância singular para a regulação climática do Brasil e do mundo.

As pesquisadoras da Unicamp lembram que pesquisas realizadas pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo, em parceria com o INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) revelam que a floresta amazônica produz um fenômeno conhecido como "rios voadores". Que são rios aéreos de vapor bombeados para atmosfera pela floresta e explicam por que a região do quadrilátero que vai de Cuiabá a Buenos Aires, de São Paulo aos Andes, é uma região verde e úmida, enquanto as outras regiões de mesma latitude do mundo são compostas por desertos.

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Segundo as pesquisadoras, os rios voadores são os serviços ecossistêmicos que provêm as condições climáticas adequadas para que esse quadrilátero seja responsável por 70% do PIB da América do Sul, onde se concentram a maior parte da produção agrícola, industrial e onde estão os seus grandes centros urbanos.

"O desmatamento inerente à mineração em uma área do tamanho da Renca certamente contribuirá para o desequilíbrio da dinâmica invisível dos rios voadores, comprometendo a produção de alimentos, atividades industriais e o abastecimento de água nas regiões que compõem o quadrilátero", assinalam.

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Para Carolina da Silveira Bueno e Thais Bannwart, tão importante quanto a perturbação da dinâmica climática provida pelos rios voadores são os impactos ambientais na região da reserva, que vão da contaminação do solo e dos recursos aquáticos à destruição da biodiversidade.

"Tirar o direito de uma instituição de pesquisa nacional trabalhar na região, e dar lugar a empresas que irão destruir a biodiversidade, visto que a Amazônia tem milhares de espécies endêmicas que ainda não foram descobertas, esse é o grande crime", destacam as duas pesquisadoras.

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O Brasil, para elas, é o país no mundo que mais tem biodiversidade (patrimônio genético), pois existem muitas plantas e espécies que só ocorrem naquele pedaço da floresta amazônica, e algumas dessas podem conter respostas para muitos problemas. A mineração, ressaltam as pesquisadoras, deixa pouco para o país.

Apesar do decreto de extinção da Renca manter as regras válidas para as unidades de conservação e terras indígenas, segundo as pesquisadoras da Unicamp, existem exemplos históricos sobre os impactos negativos da mineração em regiões amazônicas. "A presença de uma atividade com elevado risco de impacto em uma região permeada por unidades de conservação fragiliza a integridade dessas áreas, afetando sua própria função de conservação da flora e fauna e expõe as populações tradicionais à violência e doenças", alertam as pesquisadoras.

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