Dia 18 de maio - Dia da luta antimanicomial

A reforma psiquiátrica, ainda em implementação, já contribuiu para que o Estado considere sujeitos as pessoas com sofrimento psíquico, o que tem mudado a orientação da política pública



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Hoje é dia de relembrar, preservar e acarinhar as conquistas que o Brasil teve com a reforma psiquiátrica, iniciada na década de 80. A maior delas, a de desconstruir os manicômios.

A reforma psiquiátrica, ainda em implementação, já contribuiu para que o Estado considere sujeitos as pessoas com sofrimento psíquico, o que tem mudado a orientação da política pública, buscando criar as condições de sociabilidade dessas pessoas, uma vez que estudos revelam que são as condições sociais que, prioritariamente, geram esse sofrimento.

São muitos os desafios, como o da construção de serviços humanizados substitutivos e o desafio para que não exista nenhum hospital psiquiátrico, uma vez que o atendimento às pessoas assistidas pela saúde mental tem que ser pela rede comunitária.

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Mas as conquistas são visíveis. Recentemente o Movimento Fora Valencius, contra a nomeação do Dr. Valencius Wurch Duarte Filho, para Coordenador de Saúde Mental, Álcool e outras Drogas, do Ministério da Saúde, revelou que a sociedade de ponta a ponta internalizou os fundamentos da reforma psiquiátrica, tanto as pessoas assistidas com transtorno e sofrimento psiquiátricos, quanto os profissionais. Vimos tantas pessoas dizerem: "para o manicômio não volto nunca mais". O manicômio arranca a vida, invisibiliza e retira da pessoa a condição de ser humano.

Nós que andamos tanto e conquistamos a reforma psiquiátrica, vamos continuar lutando por ela, principalmente nesse momento em que o Brasil está ameaçado pelos acordos feitos na sombra, pelas lógicas fundamentalistas, pelos pactos que não podem ser ditos e que não são alcançados pela luz da República, pela luz da democracia. Nós vamos continuar resistindo para que a reforma psiquiátrica se espraie e para que tenhamos um Brasil, onde a parte que lhe cabe neste latifúndio não seja um manicômio, um armário, uma prisão, vamos continuar lutando para construir um país onde todas e todos possam se sentir pertencentes a ele e ele pertencente a nós.

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A reforma psiquiátrica é uma política em construção, é um processo a ser implementado dia-a-dia e só se consolidará com a participação ativa das pessoas assistidas, dos profissionais, das entidades e da sociedade. Só assim, os caminhos do respeito à singularidade e subjetividade dos envolvidos nesse processo de mudança na forma de atendimento ao sofrimento mental, além de não sofrer interrupções, poderá avançar.

Que nesse dia 18 de maio, Dia da Luta Antimanicomial, o grito engasgado na garganta dos que lutam por um país mais justo e igualitário e pela dignidade às pessoas assistidas e aos profissionais da área, possa romper e alcançar as autoridades, inclusive dando vida à Comissão da Verdade sobre os Manicômios no Brasil, que estamos propondo à Câmara dos Deputados, que servirá para que reconheçamos nossos holocaustos e para que estes não permaneçam permeando nosso cotidiano, esgueirados, espreitando e machucando nossa existência e para acelerar o fim tanto dos manicômios literais, quanto dos metafóricos, sobre os quais jogaremos a luz da reforma psiquiátrica, que é muito forte!

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Um forte abraço a todos e todas profissionais que atuam na saúde mental, a todas as pessoas assistidas pela política de saúde mental no nosso país, a todas as pessoas que constroem a reforma psiquiátrica no Brasil e contem sempre comigo!

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