Deu Zé, brasileiro

Marielle está morta, Lula está preso, Jean Wyllys e Márcia Tílburi estão exilados. Bolsonaro está no poder. Zé de Abreu foi o único cabra que entendeu o que precisa ser feito: mudar a faixa presidencial de ombros e, para isso, é preciso que estejamos todos unidos em torno de alguém que incorpore e represente essa miríade de pautas identitárias que se apresenta

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Marielle está morta, Lula está preso, Jean Wyllys e Márcia Tílburi estão exilados.

Bolsonaro está no poder.

Embora gritemos Lula Livre, sabemos todos que Lula está muito longe da liberdade.

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Embora rashtagueemos Marielle Presente, é a sua ausência que se apresenta.

Fragorosa é a nossa derrota.

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O grito, legítimo e necessário, pela liberdade de Lula, com grandes manifestações pelas ruas, não reduziu a injustiça do dia-a-dia.

Lula é mais um homem preso sem provas, todos os dias outros “indesejados” ocupam os cárceres, conduzidos pelas mãos de uma (in)justiça seletiva e elitista.

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O grito pela elucidação do caso Marielle é importante, porque mostra que não entregamos os pontos, mas isso não fará com que milhares de outros assassinatos de gente pobre continuem sem solução.

A polícia hoje sobrevoa favelas em helicópteros dando tiros a esmo na população.

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A justiça está a sinalizar salvo conduto para que os de farda matem sem hesitar.

Os burgueses, com o coração cheio de ódio racial e de classe, estão se armando.

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Eles encontraram um discurso, um líder e uma amálgama que os une.

O líder é vazio, o discurso é tosco? Que importa, “o mito é o nada que é tudo” como disse Pessoa.

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Pior é não tê-lo!

Além do Lula Livre e do Marielle Presente qual é o grito que nos une - a nós derrotados, esmagados em 2018 - e que aponte um caminho para a vitória no futuro?

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Quem é a (o) líder?

Em torno de quem está o nosso futuro projeto de poder? Ou vamos ficar eternamente nas ruas erguendo cartazes e gritando palavras de ordem?

Quando será que negros e negras, favelados e periféricos encabeçarão nossa vontade de poder?

Sim, porque estamos a sofrer a ausência de uma mulher negra, lésbica e favelada e de um ex-retirante nordestino que passou fome e enfrentou a pobreza.

E o que temos a oferecer como substitutos?

Por enquanto, Zé de Abreu foi o único cabra que entendeu o que realmente precisa ser feito: mudar a faixa presidencial de ombros e, para isso, é preciso que estejamos todos unidos em torno de alguém que incorpore e represente essa miríade de pautas identitárias que se apresenta.

Alguém capaz de aglutinar as mais diversas forças progressistas e vertentes divergentes que erguem cartazes nas ruas.

E que essa pessoa, munida dessas ideias aglutinadas em uma síntese, se apresente à sociedade, sobretudo aos mais pobres.

E que essas ideias conquistem fábricas, torcidas, escolas, faculdades, barracos, igrejas, cadeias, corações e mentes.

Quem representa essa síntese?

O Zé de Abreu não vale, ele é só o catalizador dessa nova onda que deve surgir, e de forma arrebatadora e tsunâmica.

É isso ou nada.

Palavra da salvação.

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