Deu tempo, Isabel. Lula é o novo presidente
"Deu tempo de comemorar a chegada de um novo esperançar. Ainda colheu a notícia que tanto queria, a da vitória de Lula", escreve Denise Assis
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Por Denise Assis, para o 247
Sim, eu sei. Hoje é dia de falar da volta do Brasil ao mapa mundi, extirpado que foi do cenário internacional por um governo negacionista e indigente. Ainda ecoa nos meus ouvidos o “corinho” espontâneo surgido na plateia do pavilhão, no Egito, onde o presidente – precisa do eleito? - Lula fez o seu pronunciamento: “ô, o Brasil voltou” ...
Mas há temas que se sobrepõem e eu quero falar de Isabel Salgado (62 anos), a Isabel do vôlei, como nós, os da minha geração, a chamávamos. (E deixar aqui registrado que não estou gostando dessa chamada da minha turma para a travessia).
Encontrei a Isabel no sábado, dia 29 de outubro, véspera da eleição do segundo turno, no shopping da Gávea (Rio). Estávamos, eu e a minha amiga Marta Skiner, indo ver “Com amor e fúria”, com Juliette Binoche, ambas ostentando adesivos de Lula-13, num antro de coxinhas endinheirados, onde um vestidinho despojado costuma custar entre R$ 850,00 a R$ 1.500,00. Claro que provocamos beicinhos e muxoxos no elevador que nos conduziu até o andar das salas de cinema, o que muito nos divertiu.
Assim que compramos as entradas nos viramos e lá estava Isabel, a figura da carioquice. Linda e chique, com um jeans clássico, uma camisa de tricoline branca, sandálias havaianas azul turquesa e uma bolsa de palha que misturava tons de turquesa e marrom. O cabelo meio preso, deixava seus cachos caírem sobre os ombros, de modo displicente, como usou sempre. Ela abriu o maior sorriso e fez o L de Lula, iniciando um papo entre entusiasmado e ansioso:
- Gente! Que bom ver vocês com os adesivos. Claro que vai dar Lula. Estou confiante, mas quero que passe logo, que ele ganhe! Não chega nunca!
Concordamos e logo o seu companheiro, Luiz Antônio, ex-dono da escola onde o meu filho estudou veio para a conversa. Falamos do passado, dos meninos, da época, da expectativa da vitória e nos despedimos. Foi uma troca de energia boa, de esperança, confiança, cumplicidade.
Passou. Isabel viu acontecer. Imagino que tenha pulado e erguido os braços - como a vi fazer várias vezes com as vitórias em quadras -, ao final de domingo, quando as urnas trouxeram ao Brasil uma nova era.
Pena. Musa de uma geração Isabel não esperou para ver Lula subir a rampa e acenar para o país que ela queria melhor. Isabel se foi no comecinho do dia em que o presidente eleito fez a sua rentrée na cena internacional. No dia em que Lula disse ao mundo que no Conselho de Segurança da ONU cabem mais países do que os ricos do pós-guerra. Não esperou para ouvir que fome, desigualdade e meio ambiente fazem parte da mesma pauta, e que o Brasil vai unir os temas e fazê-los caminhar juntos num desenvolvimento sustentável. Não ouviu Lula convocar as lideranças mundiais para mitigar a fome de cerca de 900 milhões de pessoas, oferecendo os campos cultivados do país para ajudar a combatê-la.
Nesta hora, em que Lula era cercado por um batalhão de jornalistas do mundo todo que o queriam no foco, Isabel começava a sua trajetória rumo à luz.
Deu tempo de comemorar a chegada de um novo esperançar. Ainda colheu a notícia que tanto queria, a da vitória de Lula. Espero que na saída tenha escutado o corinho: “Ô, o Brasil voltou” ... Ela que o defendeu com garra e brilho mundo à fora.
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