Desconstruir Bolsonazi
"É possível convencer a pessoas que ele, embora se diga religioso, prega a violência, as armas, a pena de morte, a morte dos adversários, a intolerância. É possível convencer a pessoas que ele é corrupto, sim, pelo enriquecimento pessoal e dos seus filhos, porque rejeita diminuir os salários e os privilégios dos parlamentares", diz o sociólogo Emir Sader, em referência a Jair Bolsonaro (PSL); segundo o estudioso, o candidato representa a "continuidade do modelo econômico atual, porque está a favor do alto nível de desemprego, que ele disse que ter empregos só com menos empregos, portanto sem carteira assinada"
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Numa hora de dificuldades como esta, vários corvos reaparecem para dizer que a esquerda acreditou demais nas possibilidades de vitória, que é uma ilusão, etc., etc. Sem apontar caminho alternativo nenhum. Porque são críticos, não estão comprometidos com a pratica politica, nem devem estar em partido politico nenhum. Alguns já criticam o PT, de que teria acreditado que o deixariam ganhar sem novos golpes. São os mesmos que diziam isso em 2002, que não deixariam o Lula ganhar. A esquerda tem sempre que acreditar na possibilidade do caminho democrático, se valer das brechas existentes e amplia-las. Esse tipo de sistema politico, ainda mais renovado com o regime de exceção, não está feito para que alternativas populares e democráticas triunfem. Mas não há outro caminho que não seja ampliar os espaços democráticos e buscar reverter esse sistema desde dentro, acompanhado de grandes mobilizações populares. A esquerda não é ingênua, sabe disso. Os críticos nunca apresentam alternativa. Deixam no ar a possibilidade de uma saída insurrecional, mas como sabem que ela é completamente inviável, não se arriscam a menciona-la.
A esquerda realmente existente não precisa dessas consciências críticas, que não levam a nada, porque vem de quem estar fora da pratica política, não tem compromisso com projetos concretos. Está em casas, tecleando no computador, indo pro lado que sopra o vento.
Outros propõem frentes – democráticas, populares, antifascistas, etc. e tal. Nada mais obvio que precisamos ampliar as forcas em torno da candidatura do Haddad. Ninguém nega isso. Mas frentes que apenas somam o que temos, não são suficientes para reverter a difícil situação atual. Une nossas forcas, coisa indispensável, mas absolutamente insuficiente para reverter a situação atual. Tanto assim que essas posições são basicamente ideológicas, não analisam as forças concretamente existentes, não apontam quem participaria dessas frentes. Menos ainda da o nome daqueles que, não comprometidos com o Bolsonazi, deveria ser chamado para essas frentes. Quando é obvio que, numa situação limite como esta, todos os que não estão com o Bolsonazi, devem ser chamados para se somar a essa imensa corrente democrática que temos que constituir no segundo turno. Sem sectarismos, que só dificultariam o resgate do país do limite da catástrofe em que ele se encontra.
Não basta somar todas as forças disponíveis atuais, não seriam suficientes para triunfarmos. Estamos num limite em que, somente tirando votos do Bolsonazi, podemos reverter a situação. Podemos recordar que fizemos isso com o Alckmin, em 2006. Ele acabou tendo menos votos no segundo turno do que no primeiro!
Bolsonazi cresceu muito rapidamente, incorporou muita gente, um publico de distintas classes sociais, grande parte certamente evangélica ou influenciada por essa religião. E' preciso e indispensável fazer com ele o que foi feito com o Alckmin. Este, diante da acusação de que seu partido tinha tentado privatizar a Petrobras, foi à empresa e tirou foto com uniforme dos petroleiros. Diante da imensa quantidade de afirmações monstruosas, gravadas, Bolsonazi trata de desmentir o que ele disse. Ele agora nega que disse que as mulheres devem ganhar menos, de que expressão preconceito em relação aos negros, aos pobres, aos índios, aos quilombolas. Além de que, reivindicando-se tão religioso, prega o uso indiscriminado de armas, faz propaganda de fabrica de armamentos, prega a pena de morte, a execução de 30 mil pessoas (incluindo o ex presidente FHC), exalta a tortura, a ditadura, o Pinochet, disse que o Ustra seria herói nacional, entre outras barbaridades.
É possível convencer a pessoas que ele, embora se diga religioso, prega a violência, as armas, a pena de morte, a morte dos adversários, a intolerância. É possível convencer a pessoas que ele é corrupto, sim, pelo enriquecimento pessoal e dos seus filhos, porque rejeita diminuir os salários e os privilégios dos parlamentares. É possível convencer a pessoas que ele está pela continuidade do modelo econômico atual, porque está a favor do alto nível de desemprego, que ele disse que ter empregos só com menos empregos, portanto sem carteira assinada. Que sua equipe prega o fim do 13°, das ferias remuneradas, com criação de novos impostos, com mais imposto de renda para quem ganha menos. Que ele diz que ter diploma é uma tara da juventude, não um direito.
Em suma, podemos e devemos explorar as possibilidades de desconstruir a imagem do Bolsonazi e ganhar votos que ele conquistou. Seja pelos valores antidemocráticos que ele defende, seja porque ele defende o modelo neoliberal e suas consequências, que afetam de forma muito negativa a massa da população.
Consolidar as forças próprias, amplia-las com frentes e com contatos bilaterais com todos os que não estão com Bolsonazi e conquistar votos hoje com a direita, e' a via possível de reversão da situação atual.
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