Descartado, Cunha ameaça seus comparsas
Crescem os boatos de que o correntista suíço, temendo a sua cassação e prisão - e, principalmente, às represálias à sua esposa, Cláudia Cruz, ex-apresentadora da TV Globo -, ligará em breve o ventilador no esgoto!

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Sua depressão piorou ainda mais nesta quarta-feira (22), quando o Supremo Tribunal Federal decidiu, por unanimidade, tornar o lobista réu por garfar R$ 5 milhões de propina em contas não declaradas na Suíça. Esta é a segunda vez que Eduardo Cunha é derrotado no STF. Agora ele deve responder pelos crimes de corrupção ativa, lavagem de dinheiro e evasão de divisas - e não somente por ter mentido sobre as suas contas no exterior. A sentença acelera o processo da sua cassação - o mais longo da história da Câmara Federal - e ainda pode agilizar os trâmites para o pedido de sua prisão.
Para complicar ainda mais sua situação, o STF também negou recurso da defesa e manteve a decisão de remeter ao juiz Sergio Moro os processos contra a sua mulher, Cláudia Cruz, e sua filha, Danielle Cunha. Até agora, porém, o "justiceiro" nem ouviu a jornalista, alegando não encontrá-la por duas vezes. Haja incompetência! Caso o juiz cumpra a sua função - deixando de lado sua obsessão doentia contra o PT, que é alvo até da ação cinematográfica de policiais fortemente armados -, Cláudia Cruz finalmente poderá ser convocada para depor sobre as contas ilegais da família na Suíça. Isto é o que mais apavora o presidente afastado da Câmara Federal.
Um vazamento recente evidência a carga inflamável desta antiga relação. Sem maior alarde, a Folha publicou no início de junho: "A força-tarefa da Lava Jato em Curitiba investiga um pagamento de R$ 591 mil realizado por empresa do grupo Libra, doadora do PMDB, à mulher do deputado afastado Eduardo Cunha. O pagamento foi detectado pelos investigadores nas contas da empresa C3 Produções Artísticas e Jornalísticas, de Cláudia Cruz. A Libra opera um terminal no porto de Santos, área de influência do PMDB e do presidente interino Michel Temer... A empresa já foi beneficiada por Cunha no Congresso. Uma emenda apresentada pelo deputado à medida provisória dos portos, em 2013, permitiu que a Libra aderisse a uma arbitragem para sanar sua dívida com a União".
Descartado pelos comparsas após a concretização do "golpe dos corruptos", Eduardo Cunha poderia até usufruir de algumas vantagens da "delação premiada" conferidas aos mafiosos, conforme ironizou recentemente o jornalista Bernardo Mello Franco. Vale conferir o seu artigo:
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Folha de S.Paulo, 21/06/2016
A praia do Futuro é uma das mais procuradas por quem gosta de relaxar ao sol de Fortaleza. Em torno de suas areias cresceu o bairro Dunas, endereço de mansões protegidas por muros altos e cercas eletrificadas. É numa delas que repousa Sérgio Machado, o ex-presidente da Transpetro que abastecia políticos com dinheiro do petrolão.
Depois de delatar os comparsas, o peemedebista foi premiado com o regime de prisão domiciliar. Não passou um único dia na cadeia e foi autorizado a se recolher ao conforto do lar, onde poderá matar o tempo entre a piscina, a quadra poliesportiva e a churrasqueira. Ele ainda terá autorização para sair de casa em ao menos oito datas até 2018, quando se livrará da tornozeleira eletrônica.
Machado não é o único réu do petrolão a levar uma doce vida depois de fechar acordo de delação com a Lava Jato. Paulo Roberto Costa, o ex-diretor da Petrobras, habita um condomínio exclusivo em Itaipava, na região serrana do Rio. É vizinho de altos executivos e de um ministro do Supremo, que acumulou patrimônio como advogado de renome.
Pedro Barusco, o ex-gerente da estatal que organizava planilhas de propina, aproveita o mar em Angra dos Reis. No ano passado, foi fotografado à vontade numa cadeira de praia, dando baforadas num charuto e tomando cerveja. Ele cumpre pena em regime aberto, que dispensa a companhia da tornozeleira.
Eduardo Cunha, o deputado, levou uma vida de milionário no período em que a Petrobras era saqueada - na certa, uma coincidência. Hospedou-se nos hotéis mais caros do mundo, jantou nos melhores restaurantes e colecionou carros importados, alguns registrados em nome da empresa Jesus.com.
Agora Cunha está ameaçado de prisão e ouve conselhos para oferecer uma delação à Lava Jato, hipótese que assombra figurões no Congresso e no governo interino. Os exemplos de Machado, Costa e Barusco devem ajudá-lo a decidir.
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