Derrotar o banditismo político
"Esta semana é decisiva. Ou resgatamos a democracia ou ela será destruída pelo banditismo político, pelo fascismo, pela mentira", diz Aldo Fornazieri
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A marcha do bolsonarismo para e no poder é a marcha da afirmação do banditismo político. Da preparação de atos terroristas à expulsão do Exército, da violência verbal contra as mulheres, das promessas de fuzilamento de adversários, do elogio de ditadores e torturadores, do estímulo à violência sexual, das condecorações de policiais criminosos e milicianos, do violento descaso com os mortos da pandemia, com a zombaria dos doentes, com a anistia dos crimes políticos de Daniel Silveira até chegar aos tiros disparados para matar policiais federais desferidos por Roberto Jefferson, Bolsonaro e o bosolnarismo verbalizaram e agiram para impulsionar práticas criminosas na atividade política para empalmar o poder e mantê-lo pela intimidação e violência.
Em meio a tudo isso há inúmeras outras práticas criminosas como o estímulo ao racismo e a todo tipo de preconceito. Profissionais da imprensa são covardemente atacados, principalmente as jornalistas, com violência verbal, ou com pancadas, como aconteceu na prisão de Jefferson. Calar a imprensa, intimidar a oposição, aparelhar as instituições do Estado, controlar o Congresso e alterar a composição dos tribunais superiores, eis aí a fórmula das ditaduras contemporâneas. Se vencer, Bolsonaro completará essa marcha que está em andamento. Mas a violência será muito maior.
Os tiros de Jefferson não são coisa de alguém “sem noção”, como afirmou Sérgio Moro, um dos artífices do banditismo político. Não podem ser aceitos e nem naturalizados, como muitos atos antidemocráticos de Bolsonaro foram naturalizados. Os tiros de Jefferson são apenas o sinal, a antecipação do que virá com muito mais método e muito mais violência se Bolsonaro vencer. É preciso que isto seja dito ao povo brasileiro, sem meias palavras, durante todos os dias que restam nesta semana. Os tiros de Jefferson colocaram a nu a “santidade” fétida do “padre” Kelmon.
Há uma crescente escalada para transformar as forças policiais e militares, os órgãos de fiscalização e controle do Estado, a exemplo do Coaf e da Receita Federal, em instrumentos de poder particular e criminoso. Bolsonaro quer transformar as Forças Armadas em soldadinhos e chumbo. Alguns generais, sem honra e sem patriotismo, aceitaram essa covarde condição.
Bolsonaro tem um Congresso cúmplice para degradar as eleições com um inaudito uso do dinheiro público para comprar apoio político e votos. Usou os decretos das armas para armar milícias, prontas para cometerem atos violentos. Bolsonaro não corrompeu apenas o sistema eleitoral. Aos poucos, corrompeu e degradou a democracia por retrocessos legais, pela ruptura dos procedimentos regimentais no Congresso e pela instituição do orçamento secreto. Enquanto a oposição, intimidada, ficou a ver o fantasma de um golpe militar, Bolsonaro foi degradando a democracia sistematicamente, sem enfrentar linhas de resistência a não ser no STF e TSE.
Bolsonaro destruiu os fundamentos morais da sociedade brasileira. Estimulou crimes ambientais, o garimpo ilegal, a destruição das condições de vida no planeta. Ele e seus sicários, a exemplo de Damares Alves, não hesitaram em imolar a inocência infantil para conquistar votos. Apoiado por proeminentes vendilhões do templo de igrejas evangélicas, não titubearam em apunhalar a consciência religiosa dos fiéis, enganando-os, ludibriando-os com as mais criminosas e pecaminosas mentiras.
O que são Bolsonaro e esses pastores? Sepulcros caiados, hipócritas, fariseus, com as almas mortas, cheias de vermes, assassinos da fé, amantes da mentira, cobiçadores do dinheiro. O que têm a dizer esses pastores sobre o banditismo político patrocinado pelo bolsonarismo? O que têm a dizer esses hipócritas sobre os quase 700 mil mortos pela pandemia, muitos dos quais poderiam ter sido salvos? O que tem a dizer esses vendilhões do templo sobre as mentiras sistemáticas, sobre os milhões de pobres que não têm o que comer? Os templos desses pastores são belos na aparência, mas estão coalhados pela morte, pela mentira, pelos crimes e pela degradação moral.
Bolsonaro conseguiu transformar os pastores em perseguidores dos seus próprios fiéis. São os anticristos do nosso tempo porque nada têm em comum com as verdades e com a prática pregadas por Cristo. São os falsos profetas que “profetizam” a mentira, o ódio no seio do povo, a desavença nas famílias, o mal na sociedade. Esses pastores, lobos em pele de cordeiros, que dizem combater o mal, mas são os seus maiores promotores, são os advogados da maldade. Esses pastores pronunciam a blasfêmia de apresentar Bolsonaro como um “profeta”. Na verdade, transformaram Bolsonaro no seu bezerro de ouro e eles o adoram com a ânsia da cobiça pelo poder e pelo dinheiro e negam o justo dos mandamentos. Precisam ser denunciados como semeadores da cizânia, como estimuladores da guerra religiosa.
Esta semana é decisiva. Ou resgatamos a democracia para o povo brasileiro ou ela será destruída pelo banditismo político, pelo fascismo, pela mentira. Será a batalha das nossas vidas: ou somos capazes de vislumbrar alguma esperança no futuro ou seremos arremessados no abismo da descrença.
São Paulo será o epicentro dessa batalha. É preciso reduzir a vantagem de Bolsonaro. E isto é possível. Assim como é possível Haddad virar o jogo e derrotar Tarcísio e o bolsonarismo. O crescimento de Haddad e sua possível vitória é condição do crescimento de Lula no estado e de sua vitória. As campanhas não podem ser separadas. São uma só campanha. Esta é a condição da vitória de Lula e da possível vitória de Haddad. Temos a missão de criar essa crença da vitória na militância e nos eleitores. Acreditar que é possível vencer é o primeiro passo para vencer.
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