Derrota Moro esquenta guerra surda Bolsonaro x Maia

Presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, Presidente da República, Jair Bolsonaro.
Presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, Presidente da República, Jair Bolsonaro. (Foto: Marcos Corrêa/PR)


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União Centrão-oposição x ultradireita

A derrota de Moro, na Câmara, aumentou tensão política entre Bolsonaro e Rodrigo Maia. O principal projeto do presidente foi minimizado pelo líder legislativo. O deputado Maia organizou frente de força que reuniu Centrão e Centro-esquerda para barrar projeto Moro. O excludente de ilicitude, a liberdade para matar, proposta antidemocrática, retrato do autoritarismo bolsonarista cesarista, não passou. Automaticamente, nova correlação de força entra em campo no segundo semestre. Bolsonaro vai percebendo que não pode tudo com a radicalidade direitista xenófobo-feminicida fundamentalista. O recado dele ao presidente paraguaio no Mercosul para abraçar o autoritarismo em meio ao desastre neoliberal latino-americano liberou seu inconsciente favorável ao AI-5 como solução. Guedes, apenas, vocalizou o desejo do presidente, ao defender autoritarismo econômico. Nessa escalada autoritária bolsonarista, Maia jogou como força de contenção.

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As negociações de Maia se centraram nos líderes do PT, Paulo Pimenta, e do PSOL, Freixo. O argumento do parlamentar carioca foi o de que a oposição se segurasse em módicas conquistas essenciais como a exclusão do direito de matar. Alcançada essa vitória, não  haveria necessidade de confrontar outras teses da direita, amplamente, majoritária na Câmara. Se quisesse sair para o confronto oposição perderia tudo e vigoraria o projeto inicial radical de Sérgio Moro. Escolha de Sofia.

O PT se alinhou ao argumento que levou Maia a se afastar do cargo para votar. Mostrou seu compromisso com uma proposta de entendimento e não de confronto social. Com essa postura política, Maia se credencia à burguesia econômica e financeira, preocupada com o avanço da desigualdade social, contra a qual Bolsonaro não tem projeto, mas bombas para jogar em multidões, se for necessário. A instabilidade do dólar virou termômetro. Sua fuga está diretamente relacionada à desigualdade que atenta o fracasso neoliberal de Paulo Guedes no comando da economia.

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2 x 0

Maia não joga bomba. Foi a segunda vez, na semana, que derrotou o chefe do Planalto. Primeiro, paralisou processo iniciado por Bolsonaro para destruir empregos dos trabalhadores deficientes, cortando-lhes direitos, e, dois, votou contra o excludente de ilicitude. Fortaleceu a posição de Maia o massacre de Paraisópolis. Ali ficou comprovada ineficácia do excludente de ilicitude. O abuso de autoridade que o excludente de ilicitude produz assusta a sociedade. A população passa a se sentir, psicologicamente, em campo de concentração, embalado por discurso de confronto.

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Bolsonaro se deu mal numa semana, politicamente, péssima. Teve o lance de Trump; comprovou-se a farsa da amizade Bozo-Trump. Fantasia. O que manda são os interesses econômicos e não baboseiras. E, também, aumentou a preocupação do pai do senador Flávio Bolsonaro, depois da decisão do STF de liberar acesso aos documentos de estado, em busca de provas. Chumbo grosso em cima do senador vem aí. Acumula-se o caso Mariele e a situação se torna mais crítica para o parlamentar carioca das rachadinhas, super-ligado às milícias.

Nesse contexto, as relações Bolsonaro-Maia vão se tornando cada vez mais tensas, quanto mais Maia busca se fortalecer no centro-direita, para formação de frente com centro-esquerda, de modo a isolar Bolsonaro na ultradireita, cujo capital político é limitado. Não fosse o centro-direita golpear o centro-esquerda e aliar-se ao ultradireitismo, Bolsonaro não seria presidente.

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Suspeitas

Institucionalmente, o Congresso, nesse cenário, está, como o filho de Bolsonaro, sob suspeita, quando prospera, para insatisfação social, posição legislativa em benefício próprio, como é a conversa de aumentar fundos públicos eleitorais em tempo de recessão e desemprego. Bolsonaro, nesse sentido, polarizaria com Maia, para reafirmar sua posição de ataque à corrupção?

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Presidente da Câmara está sem força suficiente para barrar avanço do populismo ultradireitista bolsonarista sobre o orçamento geral da União; os populistas direitistas, com apoio disfarçado do Planalto, tentam a qualquer custo garantir verbas orçamentárias aos partidos, completamente, sob suspeição social. O legislativo se engalfinha em luta intestina por verbas eleitorais. Para a sociedade, essa postura parlamentar vende corrupção, contra a qual ela se posiciona.

Maia terá que colocar sua liderança em jogo diante dessa propensão legislativa socialmente condenável em tempo de austeridade fiscal; caso contrário, corre risco de desmoralização para continuar guerrear contra a onda autoritária bolsonarista.

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