Depois dessa lista do Janot, a essa manifestação eu que não vou!

O povo brasileiro de fato acordou. Acordou não somente para a crítica política, não somente para sair às ruas lutando por seus direitos, mas, sobretudo, para discernir quando “está sendo usado”, quando o querem fazer de fantoche, de idiota

O povo brasileiro de fato acordou. Acordou não somente para a crítica política, não somente para sair às ruas lutando por seus direitos, mas, sobretudo, para discernir quando “está sendo usado”, quando o querem fazer de fantoche, de idiota
O povo brasileiro de fato acordou. Acordou não somente para a crítica política, não somente para sair às ruas lutando por seus direitos, mas, sobretudo, para discernir quando “está sendo usado”, quando o querem fazer de fantoche, de idiota (Foto: Marconi Moura de Lima Burum)


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Dizia o grande líder brasileiro Ulysses Guimarães, um dos principais responsáveis pela Constituição – cidadã – da República que a "política é como nuvem: você olha e ela esta de um jeito; olha de novo e ela já mudou". Na verdade, apesar de atribuída ao constitucionalista, a frase é de outro político, neste caso, Magalhães Pinto, considerado uma das "raposas" que ajudou a deflagrar a Ditadura Militar em 1964 e foi um signatário do cruel AI-5 – Ato que perseguiu e assassinou tantos brasileiros.

Pois bem, esta análise – da nuvem – pretende declarar que a chamada "Direita" brasileira, hoje liderada pelo PSDB, errou em suas pretensões de gerar o impeachment da Presidente Dilma Rousseff. Cochilou quando deixou que o Procurador-Geral da República, Rodrigo Janot, divulgasse os nomes dos envolvidos (investigados) no escândalo de corrupção da Petrobras antes da tal "manifestação pró-impeachment". E o que isso quer dizer? O esvaziamento das mobilizações que desejavam o Golpe. Se queriam tanto impor o "3º turno das eleições", o ato político deveria ter ocorrido há uma semana atrás, antes que se desse publicidade à "# Lista do Janot".

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Ora, as pessoas não são tolas. O povo brasileiro de fato acordou. Acordou não somente para a crítica política, não somente para sair às ruas lutando por seus direitos, mas, sobretudo, para discernir quando "está sendo usado", quando o querem fazer de fantoche, de idiota. Pergunta: que sentido faz o cidadão ir para a rua pedir impeachment quando, do ponto de vista lógico, técnico, jurídico não há qualquer, vou repetir: qualquer sentido para tirar do cargo um representante eleito pelo voto da metade + 1 dos eleitores? Nesse caso, a Presidente da República.

Veja: se a Dilma tivesse sido citada pelos delatores (da Petrobras) e se houvesse consistência na denúncia para aplicar-lhe a pecha de corrupta, e se, uma vez provada tal afirmação, aí sim, ela deveria ser afastada da Presidência. No entanto, nem uma coisa, nem outra aconteceu. Sendo assim, ir às ruas para tirar do mandato alguém democraticamente eleita é ferir uma das mais importantes conquistas do povo brasileiro: a democracia. Democracia essa que foi recepcionada por esta geração a partir do sangue derramado de gerações anteriores. Ou seja: ali valia a luta; havia lógica, sentido real, concretude para se ir à rua. Não era um factoide medíocre, um caprichozinho de "meninos mimados" que "batem panelinha" entre um "tuíte" e outro, mas ato patriótico e autêntico que impulsionava a batalha.

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Já dizia o poeta alemão... Bertolt Brecht (1898-1956) que "O pior analfabeto é o analfabeto político (...). O analfabeto político é tão burro que se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia a política". Embora o autor também se refira ao "preço do feijão" e tudo mais, ele nos alerta para algo extremamente grave e, no caso do Brasil, secularmente abnegado na boa-fé pelo cidadão: ele não "participa dos acontecimentos políticos". Ou seja: sua omissão de tantas décadas fez criar uma corja no Sistema tão difícil de eliminar, mas que é preciso que compreendamos antes de tudo o nascedouro do tumor até que sejamos aptos a entoar sua retirada definitiva.

Em resumo. Eleição não é brincadeirinha que aplicamos às pessoas. Democracia não é programa de domingo no parque. É algo sagrado, caro a todos nós. Precisa ser levada à sério. Podemos discordar da Dilma (até devemos fazer isso – com todos que elegemos). Podemos exigir dela que cumpra o que prometeu. Devemos fiscalizar, cobrar novos direitos, novas oportunidades (há instrumentos institucionais para isso). Temos de exigir dos políticos eleitos que se submetam às suas obrigações e que nos atendam em nossas necessidades lógicas. Pagamos impostos com esse propósito e os elegemos aguardando que isso ocorra. Mas daí a querer "golpear" alguém que foi consagrado pelas urnas é a pior insanidade de uma sociedade dita "civilizada".

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Sendo assim, se carimbarem outra motivação para que eu vá às ruas; se trouxerem uma nova e real causa que faça sentido; se a luta for por intenções verdadeiramente nobres e que reflitam a revolução para o bem de todos, especialmente ao povo mais pobre, relegado às ausências do Estado, ou a pleitos sinceros que simbolizem a transformação profunda da sociedade para a transição da justiça e do acesso a todos (não somente a alguns), aí podem me chamar que vou para a rua protestar. Fora isso, não me incomodem com esse discurso estúpido de uma ignorância política – e jurídica – sem precedentes, pois, como se dizia quando eu era jovem: "não sou 'Maria vai com as outras'", tão pouco tolo. Como dizem: "Impitimam é meuz..."

(Esse é o recado de um dos brasileiros que quer "perder" tempo quando a causa/coisa for realmente séria! O que, nesse momento, não é o caso!)

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